Após um verão de calorão no Rio Grande do Sul, o outono começa com previsão geral de temperatura acima da média e chuva irregular. A chegada da nova estação ocorre nesta quinta-feira (20), às 6h01min, no horário de Brasília, e se estende até 20 de junho de 2025.
Na análise do meteorologista Glauco Freitas, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o início deve ser mais seco, seguido por momentos de variações entre períodos mais quentes e outros de chuva mais forte.
Característica da estação
Freitas pontua que a fase é naturalmente marcada por uma maior entrada de frentes frias e por passagens mais frequentes de ciclones extratropicais, capazes de provocar tempestades, ventos e ressacas marítimas.
Além disso, nessa época, há uma mudança na dinâmica da chuva. Ao contrário da "chuva de verão", configurada a partir da ascensão de ar quente e úmido, no outono, forma-se a chuva frontal. Esse tipo de precipitação resulta do encontro de massas de ar distintas e costuma ser mais prolongada, com intensidade variada.
Abril, maio e junho
Um dos principais fatores que irão motivar o clima mais seco e quente durante o outono é a influência do La Niña sobre o Estado, segundo projeta Eliana Klering, professora da Faculdade de Meteorologia e membro do grupo de Climatologia Aplicada da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
De modo geral, a especialista estima que os termômetros devem ficar entre 2ºC e 3ºC acima da média ao longo da estação. Ou seja, enquanto é esperado que os indicadores marquem 22ºC, os índices devem ficar em torno dos 23ºC, 24ºC ou 25ºC.
— Isso deve ser observado principalmente no início do outono, entre abril e maio. No fim de maio, a tendência é partir para um cenário de normalidade, com temperaturas mais coerentes, próximas às médias históricas.
Já em relação à chuva, a expectativa é que as regiões observem acumulados mensais em torno dos 120 milímetros. Contudo, os indicadores mostram que os valores devem ficar próximos de 84 milímetros por mês, uma redução de até 30% da quantidade prevista.
— Abril é o mês em que está previsto chuva mais próxima à média, com uma redução de 20%. Só no norte do Rio Grande do Sul, na divisa com Santa Catarina, é que devemos ter uma condição de normalidade. Em maio e junho, temos essa previsão de 30% a menos de chuva — relata Eliana Klering.
A tendência, segundo Eliana, é que a chuva apresente um comportamento mais irregular e mal distribuído. Isso significa que é possível que chova uma quantidade mais alta e intensa em um determinado momento, que pode ser seguido por dias sem chuva.
A princípio, a estiagem deve perdurar nos próximos meses. As frentes frias não vão passar com tanta frequência provocando chuvas como deveria acontecer.
GLAUCO FREITAS
Meteorologista do Inmet
O meteorologista Glauco Freitas ainda reforça a tendência de variações térmicas, em que se prevê períodos mais longos de temperatura alta e mais curtos com marcas baixas.
— Provavelmente serão três meses de variação entre períodos secos e chuvosos. É possível que ocorram bloqueios atmosféricos — diz Freitas.
Outra análise
Para a Climatempo, considerando o cenário geral, o outono deve encerrar com índices nos termômetros ligeiramente abaixo da média em parte do Centro e da região Sul do Estado. Já em pontos da Serra e do Planalto, as marcas devem ficar acima da média. Nas demais áreas, ficam dentro do esperado. Os próximos três meses devem apresentar variações de temperatura.
A expectativa é que o mês de abril apresente mais chuva e temperatura abaixo da média em todo o Estado. Isso ocorre devido à previsão de uma entrada frequente de frentes frias, que irão contribuir para a queda dos índices e para a ocorrência de precipitação. Os maiores acumulados são previstos para a região Norte.
— Em estações de transição, temos uma condição maior para a ocorrência de chuvas mais expressivas. Temos ar quente que ainda circula sobre o Estado, mas também já temos maiores entradas de ar frio, que acontecem ao longo das próximas semanas e dos meses. Esse contraste entre massas de ar quente e frio contribui para a formação de nuvens e temporais — explica Vitor Takao, meteorologista da Climatempo.
Em maio, pode ocorrer uma mudança de cenário, com temperatura mais elevada. A chuva se torna mais frequente entre o Centro e o Sul do Estado, especialmente na região da Fronteira e da Campanha.
— Haverá um cenário favorável para a formação de bloqueios (atmosféricos), que vão levar justamente à elevação da temperatura. Esses bloqueios acabam justificando o que acontece com a chuva. Temos chuvas e massas de ar frio que ficam presas na região da Fronteira e não conseguem avançar nas demais áreas do Estado — aponta Takao.
Já em junho, a previsão da Climatempo indica que as massas de ar frio começam a se espalhar pelo território gaúcho, impulsionando mais chuva e queda nas temperaturas, indicando o fim da estação.
Como deve ficar a estiagem no RS?
O meteorologista Glauco Freitas explica que, apesar da ocorrência de chuva, ela não será suficiente para cessar a estiagem no Rio Grande do Sul. Isso porque os períodos mais chuvosos devem vir seguidos pelo tempo mais seco e pela temperatura mais elevada, que podem durar dias.
— A princípio, a estiagem deve perdurar nos próximos meses. As frentes frias não vão passar com tanta frequência provocando chuvas como deveria acontecer — cita.
Dependendo das condições da região, a estiagem pode se agravar. A professora Eliana Klering adiciona:
— Como já tivemos um cenário de redução de chuva durante todo o verão, a tendência é que intensifique esse cenário de seca. Por um lado, isso é bom porque favorece as colheitas de verão e a implementação dos cereais de inverno, mas, por outro, a condição persistindo, nunca é bom para o contexto geral da agricultura.
Quando o La Niña chega ao fim?
Os especialistas apontam que o La Niña provavelmente continua atuando durante a estação, mas deve cessar em breve.
— Estamos indo para a final de La Niña, que é um fenômeno que atinge bastante o nosso clima. Entre junho e agosto devemos estar caminhando para uma condição de neutralidade — reflete a professora Eliane.
O fenômeno meteorológico deve se encerrar durante o inverno, preveem os meteorologistas.
— À medida que o outono avançar, já vamos observar um cenário de neutralidade na temperatura dos oceanos. Muito provavelmente o La Niña deve chegar ao fim no início do inverno — projeta Vitor Takao.
Como deve ser o primeiro dia da estação?
Em todo o território gaúcho, o outono começa com predomínio de sol e com nebulosidade variável ao longo da quinta-feira (20). Não há previsão de chuva significativa. As informações são da Climatempo.
As temperaturas mínimas seguem baixas durante a madrugada e a manhã, especialmente na região da Serra e do Centro do Estado, onde podem variar entre 10º e 14ºC.
Contudo, em virtude da exposição solar, os termômetros vão apresentar elevação gradual no decorrer das horas, mantendo a condição de tempo abafado em todo território gaúcho.
As máximas devem atingir os 27ºC em Pelotas, os 29ºC em Porto Alegre e em Passo Fundo, enquanto em Uruguaiana os termômetros podem chegar aos 33°C.
*Produção: Carolina Dill
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