
O verão marcado pelas ondas de calor e pouca chuva chegou ao fim e deu lugar ao outono, que começou às 6h01min desta quinta-feira (20) com perspectiva de climas mais amenos e chuvas mais frequentes no norte gaúcho.
A nova estação trará contraste em relação ao verão, que finalizou com chuva abaixo da média em Passo Fundo: foram 179mm de 21 de dezembro a 19 de março, bem abaixo do esperado para o período, de 506mm. Além disso, o verão trouxe recorde de temperatura: a cidade chegou a registrar 35,1ºC no dia mais quente.
Nos próximos três meses, a mudança no clima deve ocorrer pelo encontro de massas de ar de diferentes temperaturas de outras regiões do país.
— Temos ar quente circulando sobre o Estado que vem de regiões centrais e norte do país, então é um ar quente que encontra um ar frio, associado ao avanço de frentes frias. O ar frio entra em contato com ar quente e provoca a formação de nuvens carregadas — explica o meteorologista da Climatempo, Vitor Takao.
A previsão é que os índices de chuva fiquem dentro da média na Região Norte durante o outono, mas pode haver mudança no mês de maio, com chuvas abaixo da média e clima mais seco e quente.
A variação ocorre pela permanência de massas de ar quente e seco que impedem o avanço das frentes frias e de precipitação.
— Isso não significa que não vai fazer frio. O que a gente pode esperar para o mês de maio é uma variação térmica bem acentuada, então dias quentes intercalando com dias frios — destacou o meteorologista.

Em junho chega o frio: a previsão é de chuvas acima da média em todo o Estado e temperaturas mais baixas, o que demonstra a atuação mais significativa das frentes frias.
— As frentes frias conseguem avançar e, consequentemente, as massas de ar frio que vêm junto derrubam as temperaturas, contribuindo também para ocorrência de chuva — afirmou Takao.
Segundo o especialista, junho deve ser o mês de maior frio antes da chegada do inverno, quando o clima começa a se assemelhar ao dias mais gelados já conhecidos pela população de Passo Fundo e região.
O que esperar no campo

Duas características marcaram a safra gaúcha de verão: temperaturas elevadas e chuvas mal distribuídas. O impacto já é conhecido pelos produtores, que contabilizam prejuízos por causa da seca.
De acordo com o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, a preocupação no campo ainda é com a falta de chuva onde a soja ainda está em fase de enchimento de grãos.
— Além da finalização da safra, também é preciso estabelecer as culturas de outono, como forrageiras e canola, e que dependem da umidade do solo para o estabelecimento — explica.
As forrageiras são cultivadas principalmente para alimentar o gado de leite e de corte. Já a canola passou a ter importância econômica significativa nos últimos anos e a semeadura começa em abril.
— Viemos de uma estação que normalmente chove mais, mas que foi seca, e o outono historicamente tende a ser seco também. Como não há previsão de chuvas consistentes, o cenário preocupa — completou Cunha.