Uma sucuri de quase sete metros de comprimento foi encontrada morta no rio Formoso em Bonito, Mato Grosso do Sul. Ana Julia, como era identificada por pesquisadores que atuam na região, teria sido morta a tiros e foi encontrada no último domingo (24), por guias que fazem passeios com turistas no local. A Polícia Ambiental investiga as circunstância do crime.
Cristian Dimitrius, documentarista que acompanha serpentes da região há 10 anos, explica que a identificação da cobra foi feita a partir de marcas em determinadas partes do corpo que podem ser interpretadas como uma espécie de impressão digital.
— Os guias retiraram da água, mandaram fotos e identificamos as marcas. Isso é muito triste — disse.
Dimitrius destacou a necessidade de investigações sobre o caso e a conscientização da população sobre animais dessa espécie.
— Pra mim, é como se fosse um morador ilustre. Ela está morta agora e é preciso saber o que aconteceu. Esses animais não são perigosos, não oferecem risco e são extremamente importantes para a economia, a ciência e o ecossistema do local — afirma.
A sucuri, cobra nativa da América do Sul que pode chegar a cem quilos, não tem veneno, por isso, para matar as presas fazem o processo de constrição, ou seja, se enrolam, usando a força para apertar. Essas cobras se alimentam de carne de peixes e pequenos animais, apesar do tamanho e força não há registros científicos que comprovem algum risco a humanos.
Ana Julia já estrelou registros do pesquisador Bryan Fry, que identificou em fevereiro uma nova espécie de sucuri-verde na Amazônia. O professor da Universidade de Amsterdã também se manifestou sobre o crime. "Estou tão triste e com raiva ao mesmo tempo! Que perda triste e trágica. Quão doente é preciso estar para fazer isto a um animal tão lindo e único!?", questionou em uma publicação.
A prefeitura de Bonito lamentou o ocorrido e disse aguardar a punição dos responsáveis. "Demonstramos total repúdio pelo ocorrido com a sucuri Ana Julia em nosso município. A relevância de um animal desse porte nas nossas áreas mostram o quão equilibrado o nosso ambiente está", diz a nota.
Legislação
A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, a Lei de Crimes Ambientais, define como crime "Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente". O artigo 29 ainda prevê pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa. A Polícia Ambiental está investigando o caso.
Denúncias de crimes ambientais podem ser encaminhadas à linha verde do Ibama, através do telefone 0800 061 8080 ou pela seção "fale com o Ibama" em gov.br/ibama.