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O incêndio que vinha consumindo a Estação Ecológica do Taim (Esec-Taim), entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado, desde que um raio atingiu a região na segunda-feira (12), foi considerado controlado nesta sexta-feira (16) pela gerência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O objetivo é dar por extinto até o final da noite desta sexta-feira (16). Na avaliação do comandante dos bombeiros, Luiz Carlos Neves Soares Júnior, porém, todos os pontos de fogo foram extintos ainda no final da tarde desta sexta.
Pelo menos dois fatores contribuíram para a contenção das chamas: a condição climática favorável, com o vento direcionando o fogo para a área da lagoa da Mangueira, na parte sul da reserva, e a chegada de reforços enviados pela Secretaria de Segurança Pública do RS na quinta-feira à noite (15), contando também com duas aeronaves da Polícia Civil e Brigada Militar nos focos de difícil acesso por via terrestre. Uma base foi montada na sede administrativa da reserva, de onde saem as equipes. Além dos bombeiros militares e das equipes aéreas enviadas na quinta-feira, brigadistas do ICMBio — responsável pela estação ecológica — e voluntários da região seguem atuando desde o primeiro dia de incêndio.
Ainda que não existam números oficiais atualizados, a equipe do ICMBio já trabalha com a estimativa de que este tenha sido o maior incêndio na estação nos últimos 30 anos. De acordo com o gerente do ICMBio no Taim, Amauro de Sena Motta, estima-se que 6 mil hectares tenham sido consumidos pelo fogo em quatro dias de incêndio. A última atualização oficial, porém, divulgada pelo ICMBio, responsável pelo monitoramento da região por satélite, foi na quarta-feira (14) e indicou área queimada em 2,5 mil hectares. Esse número deverá ser atualizado.
— Demos o incêndio por controlado porque deixou de representar um risco de expansão. A biomassa (palha seca) já foi consumida e onde havia um pequeno foco, tem a lagoa na frente. O objetivo é dar como extinto o fogo até o final da noite desta sexta-feira — afirma o gerente.
Motta explica que com a ajuda de homens em terra, envolvendo bombeiros e brigadistas do ICMBio, e de dois helicópteros, da Brigada Militar e da Polícia Civil, mil metros da linha de fogo foram extintos, preservando uma área significativa de banhado.
— Dentro de uma situação bem grave, conseguir salvar uma parcela deste banhado (é importante). Vai servir de local de refúgio e de alimentação para reduzir o estresse vivido por estes animais — comentou Motta, dizendo que foi um dia produtivo e agradecendo ao apoio do governo do Estado.
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Segundo a chefe da Estação, Ana Carolina Canary, a partir do controle do fogo, será preciso aguardar o fim dos focos para iniciar o rescaldo da área e, só então, analisar as perdas na fauna e na flora. Ela destaca que, até agora, não foram encontrados animais mortos. Ana Carolina também lembra que o ICMBio ainda não fez nova análise por satélite da área atingida devido ao tempo nublado na região, desde a noite de quarta-feira (14).
— Vamos esperar até a última fumaça acabar, fazer rescaldo e começar a fazer a recuperação das áreas. Não observamos animais mortos em campo. Mas tem áreas que queimaram e ainda não tivemos acesso —ressalta.
Criada em 1986, a Esec Taim iniciou com cerca de 11 mil hectares. Em 2017, a área foi ampliada para 33 mil hectares entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico. Santuário das aves, principalmente para as aquáticas, o Taim tem registro de cerca de 250 espécies de aves e 40, de mamíferos.
Um dos títulos que o Taim ostenta é o de Área Ramsar, recebido na Convenção de Ramsar, que é um tratado intergovernamental que estabelece marcos para ações nacionais e para a cooperação entre países com o objetivo de promover a conservação e o uso racional de áreas úmidas, especialmente aquelas que são habitat de aves aquáticas, no mundo.