Se existia o medo de Torres, no Litoral Norte, acordar com estragos na manhã desta quarta-feira (4), pior previsão diante de um ciclone extratropical em atuação na costa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o sol entre nuvens dissipou as chances de qualquer temporal.
Deu até para fazer exercícios físicos na beira da praia. Com uma manhã de tempo firme após três dias seguidos de chuva, Bruna Brunelli, 31 anos, e Gláucia Bauer, 28, não perderam a oportunidade e mantiveram o treinamento com o profissional de educação física Marcelo Torres, 47. Eles haviam ficado cautelosos com os alertas diários da Defesa Civil do município sobre a possibilidade de o ciclone causar temporal com rajadas de vento de até 100 km/h nesta madrugada, o que não aconteceu. Segundo a Climatempo, os ventos foram mais fracos, com velocidade de até 40 km/h.
– As aulas municipais foram canceladas ontem em Torres e também em Passo de Torres (município vizinho, no lado de Santa Catarina). Até vi gente falando de deixar de praticar esportes hoje e quem optou por fazer home office para não se colocar na rua para o trabalho – conta Gláucia.
Todos naturais de Torres, eles viveram o drama da noite em que o furacão Catarina passou a mais de 150 km/h causando destruição em 2004, época em que as autoridades não emitiam avisos, o que deixava a população ainda mais despreparada.
Desta vez, até a televisão alertou para um ciclone extratropical formado em cima do mar a uma altura que abrange a Grande Florianópolis, serra e litoral sul de Santa Catarina, além do norte e nordeste gaúcho.
O aposentado Anélio Cardona dos Santos, 89 anos, havia acompanhado os noticiários, mas saiu de casa cedo pela manhã quando olhou pela janela e viu que os prognósticos não se confirmavam.
– Foi alarme falso. Vi na televisão o anúncio desse ciclone. Mas não vem coisa nenhuma – disse, caminhando pela orla com ajuda de uma bengala.
A Defesa Civil do município confirma o que os moradores testemunharam nesta manhã: não houve chamados e nem relatos de estragos, como o esperado. O nível do Rio Mampituba chegou a aumentar na terça-feira (3), mas, segundo o coordenador da Defesa Civil, Flávio Kaiser, ainda está dentro do normal.
Atuação do ciclone
Segundo a meteorologista Carine Gama, da Climatempo, o ciclone ainda deve causar chuva em Torres até a madrugada de quinta-feira (5), com chance de vento forte, mas que não deve passar dos 60km/h. Nada com potencial de transtornos, como chegou a ser previsto anteriormente.
– O pior desse ciclone já aconteceu, que foi chuva forte no sul catarinense e na região de Vacaria, no Rio Grande do Sul. Agora ele começa a se afastar e, na quinta-feira, por causar agitação no mar, as ondas poderão chegar até três metros e meios e altura – diz.
Durante a manhã desta quarta-feira (4), o ciclone já havia se afastado do continente e atuou em direção ao oceano, na costa catarinense, como mostra a imagem registrada pelos satélites da Climatempo:
Com o ciclone longe do Estado, a previsão é que o Rio Grande do Sul tenha dias de tempo firme a partir de sexta-feira (6). A novidade será a entrada de uma massa de ar frio que vai baixar as temperaturas, causando até geada e fazendo os gaúchos mudarem de assunto e passarem a falar do frio.