Um grupo de 87 empresas europeias escreveu uma carta para o governo brasileiro pedindo o fim do desmatamento na Amazônia para a produção de soja. A informação é do Estadão. Entre as companhias signatárias do documento, estão alguns dos maiores produtores de alimentos e redes de supermercados da Europa, como Tesco, Asda e Carrefour.
A carta ainda pede a extensão da moratória da soja na Amazônia (ASM, na sigla em inglês), um acordo assinado em 2006 pelas empresas para frear a utilização de novas áreas de terra para a produção da oleaginosa.
Conforme apurou o Estadão, o documento assinado pelas empresas diz: "Queremos poder continuar a buscar ou investir na indústria brasileira de soja, mas se a ASM não for mantida, isso colocará em risco nossos negócios com a soja brasileira".
O grupo se preocupa que os contínuos aumentos na produção da oleaginosa no Brasil coloquem ainda mais em risco a maior floresta do mundo. Nesta terça-feira (10), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou novas estimativas para a produção. Caso sejam confirmadas, a oferta brasileira de soja no início de 2020 superará pela primeira vez a norte-americana.
Carta teve resposta rápida
A carta das companhias europeias foi enviado no dia 2 de dezembro ao embaixador do Brasil em Londres, Fred Arruda, conforme informou ao Estadão a consultora de políticas de sustentabilidade Leah Riley Brown, do Consórcio Britânico de Varejo (BRC, na sigla em inglês e que reúne 70% do setor no Reino Unido).
Leah destacou que o grupo quer ter uma resposta segura do Brasil de que a aceleração do desmatamento na Amazônia não vai continuar.
Na resposta, dada dois dias depois, o embaixador informou que repassou as preocupações dos signatários com autoridades domésticas e destacou que o Brasil desenvolveu uma estrutura legal, além de políticas concretas, para mapear a produção e garantir a proteção da vegetação nativa.
Fred Arruda ainda garantiu que "todos os níveis de governo e a sociedade como um todo compartilham o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal e promover cadeias de suprimento sustentáveis".
O grupo ficou satisfeito com a resposta, embora o embaixador não tenha mencionado quais autoridades brasileiras receberam as considerações da carta, segundo Leah.
Também assinaram o documento redes de supermercados como Sainsbury, Islândia, Marks & Spencer, Waitrose e Morrisons; grandes produtoras de alimentos, como a Mars; e as gestoras de ativos holandesa Robeco e BMO Global Asset, entre outras.