
Porto Alegre pode ficar parcialmente submersa até 2100. Um estudo da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, projetou que o nível do mar pode subir até 1,9 metro em 75 anos. Com isso, a capital gaúcha pode ser afetada, conforme mostra uma projeção interativa (veja detalhes abaixo).
Segundo a pesquisa, publicada na revista Earth's Future, o impacto da elevação do nível do mar em 2100 colocaria várias cidades sob risco de alagamentos permanentes em algumas áreas.
Conforme os autores do estudo, a projeção combinou múltiplos fatores, como o derretimento previsível de geleiras e o colapso menos previsível de plataformas de gelo. A integração desses processos pode oferecer uma estimativa mais precisa do aumento global do nível do mar.
— Nossa nova abordagem lida com uma questão-chave na ciência do nível do mar: diferentes métodos de projeção frequentemente produzem resultados amplamente divergentes — explicou o pesquisador Benjamin Grandey, principal autor da pesquisa.
Áreas de risco
Para medir os cenários caso o nível dos mares suba até 1,9 metro, Zero Hora realizou algumas simulações em uma ferramenta interativa da Climate Central. A partir disso, no Brasil, além de Porto Alegre, Macapá, Recife, Rio de Janeiro, Santos e São Luís, por exemplo, são algumas das cidades com risco no ano usado como referência pela pesquisa.
Embora não esteja na costa oceânica, a proximidade com a Lagoa dos Patos e a baixa altitude em alguns locais tornam a capital gaúcha vulnerável a transbordamentos e alagamentos caso o nível do mar avance na proporção prevista. As Ilhas e o Lami, seriam algumas das localidades impactadas, segundo a simulação.
A Ilha de Marajó, no Pará, por exemplo, pode perder mais da metade de sua área, e grandes áreas da bacia do Rio Amazonas seriam outras zonas vulneráveis.
Crise climática
Em escala global, os pesquisadores estimam que milhões de pessoas serão afetadas. Fora do Brasil, Barranquilla, na Colômbia, Maracaibo, na Venezuela, e Punta Del Este, no Uruguai, estariam entre algumas das cidades que podem ser "engolidas" pelo avanço do oceano.
O professor Benjamin Horton, diretor do Observatório da Terra de Singapura, indica que os dados representam um avanço na compreensão dos cenários extremos e reforçam o alerta para a crise climática global.
— Esta pesquisa da NTU representa um avanço significativo na ciência do nível do mar. Ao estimar a probabilidade dos cenários mais extremos, ela destaca os impactos graves da elevação do mar nas comunidades costeiras, infraestrutura e ecossistemas, o que evidencia a necessidade urgente de combater a crise climática — afirmou.