
Uma das sobreviventes do acidente com o ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que tombou no acesso a Imigrante e matou sete pessoas, recebeu alta. A paciente estava internada no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) aguardando um colete ortopédico. Com a alta dela, apenas cinco sobreviventes permanecem internados, com estado de saúde estável e sem risco iminente de morte.
Duas pessoas seguem recebendo atendimento no HUSM. No Complexo Hospital Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria, uma paciente segue internada. No Hospital Bruno Born, em Lajeado, são duas pessoas internadas. Uma delas, recebeu alta da UTI na tarde passada e segue em leito comum.
Homenagem
No final da manhã, uma cerimônia inter-religiosa em homenagem às vítimas foi realizada no Largo do Planetário da UFSM. O ato foi acompanhado por muitos alunos, professores, amigos e familiares.
O vice-diretor do Colégio Politécnico da UFSM, Moacir Bolzan, avaliou o ato como fundamental para manter viva a lembrança de quem perdeu a vida e dar força para os sobreviventes e amigos.
— Nós temos aqui hoje a representação de várias matrizes religiosas que trazem uma palavra de conforto, de esperança, focado na vida, daquilo que pode representar as nossas perdas e os sofrimentos, as dores das pessoas que estão hospitalizadas e também que já estão em casa — destacou Bolzan.
Junto ao Largo do Planetário da UFSM, um pergolado com plantas e flores foi montado em alusão ao curso técnico em paisagismo. A estrutura ficará no local temporariamente. Ainda sem data definida, o pergolado será levado a um espaço no Colégio Politécnico, onde será instalado permanentemente.
O acidente
O acidente com o ônibus, por volta das 11h15min de 4 de abril, provocou ao menos sete mortes na estrada que liga Imigrante à Rota do Sol (RS-453), no Vale do Taquari. O ônibus teria ficado sem freio e caiu em um barranco por cerca de 100 metros, tombando por repetidas vezes.
Além dos sete mortos, oito pessoas ficaram feridas.
O veículo transportava estudantes do Colégio Politécnico da UFSM a uma visita ao Cactário Horst, que fica em Imigrante. O local é referência no país na produção de plantas ornamentais, com milhares de espécies de cactus e suculentas.
As vítimas
- Dilvani Hoch, 55 anos
- Elizeth Fauth Vargas, 71 anos
- Fátima E. R. Copatti, 69 anos
- Flavia Marcuzzo Dotto, 44 anos
- Janaina Finkler, 21 anos
- Marisete Maurer, 54 anos
- Paulo Victor Estefanói Antunes, 27 anos
Investigação da polícia
Pelo menos 17 pessoas já prestaram depoimento à Polícia Civil até a quarta-feira (9), na 1ª Delegacia de Polícia de Santa Maria. Entre aqueles que apresentaram suas versões do caso à polícia estão representantes da universidade, sobreviventes do acidente e o motorista do veículo.
Segundo o delegado José Romaci Reis, responsável pela investigação, os passageiros que estavam no veículo no momento da queda avaliaram que houve problemas envolvendo cintos de segurança.
— Todas as vítimas falaram quase que a mesma coisa. Algumas pessoas disseram que estavam sem cinto, outros falaram que não tinha cinto. Outros disseram que tentaram colocar o cinto, mas não tinha cinto no assento — contextualizou o delegado.
Motorista tentou manter ônibus na estrada, afirma sobreviventes
Os sobreviventes também relataram que o ônibus desceu o declive na Estrada Acesso Rota do Sol com velocidade provavelmente superior a 100 km/h e que o motorista tentou evitar que o veículo saísse da via.
— Quando ele começou a descer o morro, ele começou a ganhar velocidade. Com isso, o motorista começou a meio que cortar as curvas, passar por cima de cones e o ônibus chegou a levantar um lado, quase que virou. Falaram que o motorista estava tentando botar o ônibus na estrada, mas não estava conseguindo — acrescentou Reis.
Motorista reforça falha em freios
Acompanhado de quatro advogados, o motorista do coletivo reforçou a versão de que houve falha mecânica no sistema de freios do veículo.
Além disso, ressaltou que fez o possível, dentro do seu escopo de trabalho, para evitar a colisão, como revisar nível de combustível, água e pressão dos pneus do coletivo.
Conforme o delegado, o condutor, de 42 anos, porém, omitiu o que foi dito na primeira conversa à polícia, de que sabia de eventuais problemas com o ônibus.
Para avançar o inquérito, a polícia ainda deve conferir os laudos periciais sobre o ônibus. Os trabalhos começaram na terça-feira (8).