A passagem de veículos pesados sobre a ponte que liga o Brasil à Argentina, no km 725 da BR-290, em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, foi liberada na manhã desta segunda-feira (19) pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Apesar disso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) alertou que, até as 15h30min, caminhões ainda não estavam passando pelo local, devido à falta da liberação aduaneira entre os países.
Caminhões e ônibus estavam proibidos pelo Dnit de trafegarem pelo local desde sábado (17), em função de problemas estruturais. O bloqueio parcial do trânsito na ponte teve início na sexta-feira (16) à noite. Desde então, a travessia estava ocorrendo em meia pista, na modalidade pare e siga, somente para veículos leves.
Em nota, o Dnit informou que análise preliminar de seus técnicos apontou que houve “um rompimento da viga transversina em seu balanço, resultando também no colapso da laje, por conta do deslocamento do esforço da estrutura”. A ponte foi inaugurada em 21 de maio de 1947 e tem 1,6 quilômetro de extensão.
Para liberar a passagem de caminhões e ônibus, o órgão realizou um “escoramento na estrutura”, que foi concluído no domingo (18). Nesta manhã, foram feitos testes no local, possibilitando a liberação de veículos pesados também no sistema pare e siga, pela pista do lado esquerdo, no sentido crescente. Mas técnicos do departamento seguirão monitorando a situação constantemente, conforme o texto.
Segundo orientações do Dnit, o fluxo na ponte deve ser controlado, a 20 km/h, com espaçamento de 100 metros entre um veículo e outro. O órgão também recomenda que não se forme retenção de caminhões e ônibus no local.
Ainda nesta segunda, um especialista em estruturas deve realizar uma vistoria no local. Com isso, será possível ter mais precisão das causas do rompimento e, assim, começar "os serviços de recuperação da laje, viga e o reforço dos pilares”, projeta o Dnit.
Impactos econômicos
Para Fábio Ciocca, vice-presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Rio Grande do Sul e presidente da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do Rio Grande do Sul, a liberação de um trecho da ponte para veículos pesados trata-se de uma medida paliativa, que soluciona o problema apenas de forma parcial. Ele ressalta que é necessário que os devidos reparos sejam realizados em caráter emergencial, visando a solução do problema e a total liberação do tráfego.
Nesta segunda-feira, a Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros acionou os ministérios da Infraestrutura, das Relações Exteriores e da Economia para buscar essa solução efetiva, afirma Ciocca, destacando que um problema desta gravidade não deve ter sido gerado "de ontem para hoje", mas sim pela falta de manutenção. Em relação aos impactos econômicos, o vice-presidente aponta que é algo imensurável, quando calculado a médio e longo prazo, já que o problema traz certa insegurança para o setor.
— Se eu falar em volume de caminhões, a ponte é responsável pela transposição de fronteiras de 250 mil veículos por ano, que transportam aproximadamente US$ 8 bilhões de mercadorias — comenta.
Ciocca salienta ainda que a ponte é um dos principais pontos de ingresso de turistas no Brasil e o principal ponto estratégico de curso de mercadoria para o terceiro maior parceiro comercial do país, que é a Argentina:
— Por isso, digo que é um impacto imensurável. Podemos falar que a ponte hoje é a principal artéria econômica do Mercosul no modal rodoviário. Temos diversas fronteiras que podem absorver parte dessa demanda, mas todo fluxo nenhuma consegue absorver.
Gladys Vinci, diretora executiva da Associação Brasileira dos Transportadores Internacionais (ABTI), concorda que é difícil mensurar o impacto de um bloqueio de poucos dias e afirma que o problema no setor pode se apresentar futuramente. De acordo com ela, em média, 700 caminhões passam pela ponte todos os dias, por isso, a liberação parcial vai exigir mais tempo de trabalho, porque a passagem vai demorar mais do que o normal.