Em junho de 2018, um convênio no valor de R$ 3,5 milhões foi assinado entre a prefeitura de Roca Sales, no Vale do Taquari, e o governo do Estado para finalizar o asfalto da RS-129. Trata-se de um trecho de 7,1 quilômetros que liga o município à cidade vizinha de Colinas. Mas a comunidade espera há mais de quatro anos pela finalização do asfalto no trecho, que é uma rota importante para o escoamento da produção agrícola da região
A previsão inicial era de um ano de obras, mas, até agora, apenas 1,1 quilômetro foi asfaltado. Moradores da região que utilizam a rodovia diariamente para trabalhar e se deslocar a cidades vizinhas vêm organizando manifestações e cobrando das autoridades uma solução para agilizar os trabalhos.
— Se o poder municipal não tem condições, chega e assume que não dá. Vamos encontrar outras alternativas ou quem possa fazer porque não dá mais pra aguentar essa situação” — afirma o arquiteto Alexandre Dentee, que mora na localidade de Fazenda Lehmen.
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), responsável pelo trecho, afirma que a demora se deve ao fato da prefeitura de Roca Sales não estar conseguindo apresentar uma matéria-prima que atenda aos padrões técnicos para garantir a durabilidade do asfalto.
O prefeito Amilton Fontana (MDB) afirma que o convênio assinado não entregou todo o valor em uma parcela única, e que a prefeitura recebe parcelas da verba conforme as obras avançam.
— A gente tem feito uma boa parte de borda e drenagem, um trabalho que demora cerca de 70% do tempo de obra. Com certeza, até o ano que vem, nós vamos concluir 100% essa obra — afirma, apesar de a prefeitura não ter apresentado um cronograma oficial com prazos.
Enquanto isso, o agricultor Milton Luis Lutz, que mora às margens da rodovia, no interior de Roca Sales, lamenta a situação:
— É uma dificuldade que a gente tem. Quando tem que ir pra cidade, já sabe que vai pegar estrada de chão, buracos… E sempre vêm as promessas do asfalto, mas nada sai do papel. Tem bastante produção de porco, frango e grãos aqui, seria muito importante se saísse esse asfalto.
A agricultora Noelena Henn também reclama da falta de asfalto:
— A gente tem uma área rural com plantas na beira da estrada, mas a poeira encobre tudo, nem tem condições de consumir os alimentos de tanta poeira que dá. A casa então nem se fala, tu limpa mas nem adianta de tanta poeira que tem.
Presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Luciano Moresco ressalta que, para chegar à Serra pelo caminho tradicional, seriam mais de cem quilômetros — que poderiam ser encurtados se a obra fosse finalizada.
— Se nós fizermos esse caminho por Roca Sales, Colinas e Imigrante, reduz em 30 quilômetros e ainda se economiza um pedágio. Então, não há dúvida sobre a importância dessa rodovia e de outros eixos do Vale do Taquari que encurtam o caminho para a serra gaúcha que, hoje, é o maior destino turístico do Brasil. E nós precisamos nos inserir nesse contexto de turismo para gerar incremento na economia local a partir dos investimentos que isso atrai — justifica.
Para Moresco, o momento atual de investimento e desenvolvimento do turismo no Vale do Taquari, representado pelo Cristo Protetor e pelo Trem dos Vales, justifica a obra — trazendo desenvolvimento e qualidade de vida aos moradores e usuários da rodovia.