Levantamento do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (DetranRS) divulgado nesta semana revelou o perfil das mortes nas ruas, avenidas e estradas gaúchas na última década. Os atropelamentos representaram 25% das vítimas fatais envolvidas em acidentes entre 2010 e 2019. Metade desse percentual é de pedestres com mais de 60 anos. O estudo também revelou que 40% das mortes foram de motociclistas, com idade igual ou inferior a 35 anos.
Ao todo, foram analisadas cerca de 200 mil ocorrências na última década, incluindo acidentes com lesão corporal e danos materiais ocorridas nos municípios. Destas, quase 10 mil resultaram em mortes. A base de dados é o Sistema Consultas Integradas, da Secretaria da Segurança Pública do Estado.
Para o diretor-geral do DetranRS, Enio Bacci, o estudo é importante para que os municípios consigam traçar estratégias para prevenir acidentes.
— Pelo levantamento, conseguimos observar para quais públicos devem ser direcionadas as ações de educação e de fiscalização — observa.
Entre os exemplos citados por ele estão as medidas de fiscalização ostensiva no período da noite. Isso porque, de acordo com a pesquisa, 35% dos acidentes na última década ocorreram à noite ou de madrugada.
O diagnóstico leva em conta os dados de 50 municípios gaúchos, que representam 63% da frota do Estado e que concentram 51,8% dos acidentes fatais entre 2010 e 2019. Fazem parte da pesquisa 34 cidades que integram o Gabinete de Gestão Integrada da Região Metropolitana de Porto Alegre, dentro do programa RS Seguro, e outros 16 com alto índice de acidentalidade. A capital gaúcha, no entanto, não teve os dados analisados, mesmo integrando esse grupo.
— Isso porque Porto Alegre já conta com um diagnóstico qualificado realizado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e pela equipe do programa Vida no Trânsito — explica Bacci.
Na última terça-feira, a EPTC divulgou um estudo que apontou que metade das mortes no trânsito da Capital, neste ano, envolvem condutores ou passageiros de motocicletas.
Subsídio aos municípios
A ideia do DetranRS é que o levantamento possa ser utilizado pelas secretarias municipais de trânsito como ferramenta para evitar acidentes fatais. Os diagnósticos individualizados de cada um dos 50 municípios foram encaminhados às prefeituras, juntamente com o convite para que as cidades utilizem a assessoria do DetranRS na avaliação dos dados e no desenvolvimento de intervenções de engenharia, educação ou fiscalização.
— Também vamos lançar nas próximas semanas mais um levantamento, desta vez com as informações de quais ruas concentram os acidentes nesses municípios. Isso vai ajudar ainda mais as prefeituras na hora de executar ações. Além disso, o estudo vai possibilitar um raio X das estradas e dos seus pontos críticos, permitindo que os órgãos responsáveis façam intervenções para a diminuição de acidentes nesses trechos — antecipa.
Ranking dos municípios que mais registram acidentes*
- Porto Alegre
- Pelotas
- Canoas
- Caxias do Sul
- Gravataí
- Novo Hamburgo
- São Leopoldo
- Alvorada
- Rio Grande
- Santa Maria
Fonte: DetranRS
*período de 2018 a 2020
Confira alguns destaques da pesquisa
CAXIAS DO SUL
- 30,4% colisões (frontais e traseiras), 28% foram atropelamentos e 27,5% envolveram apenas um veículo (choques em objeto fixo, capotagens e tombamentos)
- 49% dos acidentes fatais ocorreram nas vias municipais
- 36% dos acidentes envolveram motocicletas e outros 19% tiveram participação de caminhões
- 28,4% das vítimas fatais eram condutores, seguido de pedestres (26,3%) e de motociclistas (26,1%)
GRAVATAÍ
- 38% dos acidentes tiveram o envolvimento de motocicletas
- 27% dos óbitos eram motociclistas, desses, 34,5% eram jovens com até 24 anos
- 34,6% colisões (frontais e traseiras) e 35,4% foram atropelamentos
- 33,2% dos óbitos eram pedestres, desses, 34,5% eram idosos
- 33% dos acidentes fatais ocorreram durante a noite e outros 21%, nas madrugadas
- 44,5% dos acidentes fatais foram em rodovias estaduais, desses, 48,5% foram colisões (frontais e traseiras) e 29,2% foram atropelamentos
NOVO HAMBURGO
- 48,3% dos acidentes tiveram o envolvimento de motocicletas
- 38,4% dos óbitos eram de motociclistas, desses, 43% eram jovens com até 29 anos de idade
- 30,2% foram atropelamentos
- 28,2% dos óbitos eram de pedestres, desses, 46,2% eram idosos
- 64% dos acidentes fatais no período ocorreram nas vias municipais, 36% destes ocorreram à noite
PELOTAS
- 56% dos acidentes tiveram o envolvimento de motocicletas
- 38% dos óbitos eram motociclistas, desses, 59,6% eram jovens com até 34 anos de idade
- 40,6% foram colisões frontais e traseiras e 27% foram atropelamentos
- 25,8% dos óbitos eram pedestres, desses, aproximadamente 50% eram idosos
- 78,3% dos acidentes fatais no período ocorreram nas vias municipais
- nas vias municipais, 30,4% foram atropelamentos e 43,2% desses ocorreram à noite
RIO GRANDE
- 44,8% dos acidentes tiveram envolvimento de motocicletas
- 35,7% foram colisões frontais e traseiras e 33,2% foram atropelamentos
- 31,2% dos óbitos eram pedestres, desses, 41% eram idosos
- 28,5% dos óbitos eram motociclistas
- 46,6% dos acidentes fatais no período ocorreram nas vias municipais, 48% desses ocorreram durante as noites e madrugadas
Municípios que receberam o diagnóstico
- Alegrete
- Alvorada
- Bagé
- Bento Gonçalves
- Cachoeira do Sul
- Cachoeirinha
- Camaquã
- Campo Bom
- Canguçu
- Canoas
- Capão da Canoa
- Carazinho
- Caxias do Sul
- Cruz Alta
- Dois Irmãos
- Erechim
- Esteio
- Gravataí
- Guaíba
- Igrejinha
- Ijuí
- Itaqui
- Lajeado
- Montenegro
- Novo Hamburgo
- Panambi
- Parobé
- Passo Fundo
- Pelotas
- Rio Grande
- Santa Cruz do Sul
- Santa Maria
- Santa Rosa
- Santana do Livramento
- Santo Ângelo
- São Borja
- São Gabriel
- São Leopoldo
- São Lourenço do Sul
- Sapiranga
- Sapucaia do Sul
- Taquara
- Teutônia
- Torres
- Tramandaí
- Triunfo
- Uruguaiana
- Venâncio Aires
- Viamão