Será entregue ao delegado Vanderlei Kanopf nesta terça-feira o laudo sobre a causa do acidente com o ônibus da empresa Reunidas em Alfredo Wagner, onde morreram nove pessoas. O documento revela as condições mecânicas do veículo e do local da tragédia e será emitido pela própria Polícia Civil.
Kanopf é o responsável pelo inquérito que apura o que ocorreu para levar à queda do ônibus em uma ribanceira na madrugada do dia 11 de janeiro, um domingo. Mas já adiantou um detalhe:
- A princípio, parece que não existe prática criminal nesse acidente.
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Isso quer dizer que ninguém deve responder na Justiça pelo que aconteceu. O delegado afirma não ver a existência de crimes no que investigou até o momento. Baseia a posição em informações preliminares que recebeu sobre os laudos. Kanopf explica também que a empresa Reunidas apresentou os documentos de revisão e manutenção do veículo. O ônibus tinha passado por uma inspeção completa no dia 25 de setembro de 2014 e também teve um conserto realizado no freio em dezembro do mesmo ano.
- Seria diferente se, na oficina, tivessem visto um problema e dito: "Vai assim mesmo"- afirmou.
O motorista do ônibus, Marcos Rudimar Lopes, foi uma das vítimas que faleceu com a queda. Teve como causa de morte um traumatismo crânio-encefálico.
Entre os sobreviventes que estavam dentro do ônibus, há duas versões: uma de que o motorista teria pedido socorro, como se estivesse passando mal, e outra de que ele teria alertado para o fato de que estava sem freio.
Um passageiro, motorista de caminhão, também relatou aos agentes da Polícia Rodoviária Federal que atenderam a ocorrência ter ouvido o mesmo barulho que os caminhões fazem quando ficam sem freio.
O delegado irá trabalhar com essas duas linhas de investigação para tentar entender se houve uma falha humana, uma falha mecânica (mesmo com as revisões do veículo) ou se ocorreu alguma outra coisa ainda não revelada para causar a tragédia.
Quinta-feira vence o prazo de um mês do acidente para que o delegado entregue o resultado do inquérito no Fórum. Mas ele disse que deve pedir a prorrogação por mais 30 dias, devido à demora para ter acesso aos laudos.
- Eu tenho que ver os laudos para delinear o caminho a seguir - disse Kanopf.
Uma coisa que já está mais definida é o fato de que ele deve ouvir mais vítimas do acidente. Até o momento, ouviu um passageiro, duas testemunhas que ajudaram no resgate logo após a queda do ônibus na ribanceira e os agentes da Polícia Rodoviária Federal. Agora vai chamar para depor outras pessoas da Grande Florianópolis que estavam no veículo da Reunidas e pedir que sejam ouvidas em outras delegacias do Rio Grande do Sul, os residentes de Passo Fundo, Carazinho e Soledade.
Ele afirma querer juntar o maior número de relatos possíveis para conseguir ter um quadro mais firme do que ocorreu. E prevê que sejam necessários mais 30 ou 40 dias para concluir o inquérito.
Ônibus da Reunidas
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