
Cientistas da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, anunciaram a descoberta de uma "nova cor", jamais observada antes pelo olho humano.
O estudo foi publicado na última sexta-feira (18) na revista Science Advances. Chamado de "olo", o pigmento foi visualizado por cinco pessoas durante um experimento controlado.
A técnica envolve o uso de lasers de alta precisão para alterar a percepção visual de quem vê. Por meio do procedimento, o cérebro "cria" uma tonalidade que ultrapassa os limites naturais da saturação.
Ela seria, basicamente, como um azul-esverdeado, altamente saturado e diferente de qualquer tonalidade reproduzível por telas ou pigmentos físicos.
Tecnologia Oz
Apesar dos pesquisadores sugerirem que ele se aproxime da cor ciano 333U da Pantone, consultoria global que desenvolve sistemas codificados de organizações de cores, a descrição é de que a experiência real está além de qualquer referência conhecida.

A nova cor foi observada com a ajuda de uma tecnologia chamada Oz — um protótipo que utiliza pulsos de laser e rastreamento ocular para estimular cones fotossensíveis da retina.
O método partiu do mapeamento e isolação dos cones M, que captam a luz verde, o que seria impossível em condições naturais. Com isso, o cérebro "construiu" uma percepção distinta de cor, até então inacessível para os olhos.
— Previmos desde o início que se pareceria com um sinal de cor sem precedentes, mas não sabíamos o que o cérebro faria com ele — afirmou Ren Ng, coautor do estudo, ao jornal The Guardian.
Não é bem assim?
A visualização do olo foi possível apenas em uma pequena área do campo visual — equivalente ao tamanho da Lua no céu — e exige equipamentos sofisticados, disponíveis apenas em laboratórios especializados.
Mesmo assim, os cientistas acreditam que a técnica pode, no futuro, ajudar pessoas com daltonismo a perceberem variações antes impercebíveis.
No entanto, nem todos os especialistas estão convencidos de que se trata de uma nova cor. Para o pesquisador John Barbur, da Universidade St. George’s de Londres, na Inglaterra, o estudo tem "valor limitado" e o olo seria apenas "um verde mais saturado", detectado em condições muito específicas.
— Não é uma cor nova. É uma experiência cromática gerada exclusivamente quando há estímulo isolado dos cones M, algo que não ocorre naturalmente — disse ao The Guardian.
A equipe de Berkeley reconhece que a cor não será reproduzível em telas de celular, televisores ou dispositivos de realidade virtual tão cedo.
Ainda assim, considera que a descoberta marca um avanço importante na compreensão dos limites da percepção humana.