
Pesquisadores registraram um comportamento surpreendente em camundongos: os pequenos roedores tentaram reanimar companheiros desacordados utilizando diferentes técnicas de estímulo.
O estudo, publicado no final de fevereiro na revista Science, indica que o instinto de cuidado pode ser mais comum entre os animais do que se pensava. No experimento, cientistas colocaram dois camundongos na mesma gaiola e sedaram um deles.
Ao notar que o colega estava inconsciente, o outro rato passou a agir, dando patadas, mordidas e até puxando a língua do companheiro para desobstruir suas vias respiratórias.
Em outro teste, quando os pesquisadores inseriram uma pequena bolha de plástico na boca do camundongo sedado, o animal que prestava socorro conseguiu retirá-la, permitindo que ele voltasse a respirar.
Resposta instintiva
Os cientistas monitoraram a atividade cerebral dos camundongos e identificaram que a reação de socorro estava associada à liberação de ocitocina, hormônio ligado a comportamentos de cuidado em diversas espécies.
Além disso, os animais envolvidos no estudo tinham entre dois a três meses de vida e nunca haviam presenciado esse tipo de situação antes, o que reforça a ideia de que essa resposta é instintiva, e não aprendida.
Apesar da semelhança com práticas de reanimação, Guang Zhang, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, explicou que a ação não se trata de uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
— É mais como usar sais de cheiro forte ou um tapa para acordar alguém, garantindo que a pessoa inconsciente possa respirar — afirmou.
Comportamento dos animais
Pesquisas anteriores já demonstraram que espécies como golfinhos, elefantes e chimpanzés apresentam comportamentos de ajuda em situações de perigo, afirma o estudo.
Porém, com essa nova descoberta, os cientistas também acreditam que a tendência pode ser mais comum do que se imaginava no reino animal.