A Estação Espacial Internacional (ISS), em operação desde 1998, tem data marcada para encerrar sua missão: 2030. O plano da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) é realizar uma reentrada controlada da estrutura de 450 toneladas em uma área remota do Oceano Pacífico, chamada de Ponto Nemo.
Essa região é conhecida como o "cemitério espacial", onde satélites e outros equipamentos espaciais costumam ser descartados. O local é o mais isolado do planeta, a mais de 2,6 mil quilômetros de qualquer terra firme. As informações são do portal Space.
O laboratório espacial orbita a Terra há mais de 25 anos. Seu intuito é estudar temas como a fisiologia humana, radiação, engenharia, biologia, física e agregar conhecimento para futuras missões de exploração do espaço. O projeto é fruto da colaboração de diversas agências espaciais.
A partir de 2026, o arrasto atmosférico vai permitir que a queda aconteça de forma natural dos atuais 400 quilômetros para 320 quilômetros até a metade de 2030.
Ponto Nemo
A área é estratégica para a queda de equipamentos espaciais porque reduz os riscos de atingir populações. Contudo, mesmo sendo uma região tão remota, há preocupações sobre como a desativação da ISS pode acabar afetando o meio ambiente.
Segundo Luciano Anselmo, físico do Laboratório de Dinâmica de Voos Espaciais na Itália, os objetos espaciais descartados nos oceanos, incluindo a ISS, não representam uma ameaça significativa quando comparados a outras formas de poluição.
Ele explica que desde o início da era espacial, "dezenas de milhares de toneladas métricas" de material foram despejadas nos oceanos. O número, portanto, seria pequeno perto de outros resíduos humanos, como os de navios afundados.
Por outro lado, ele alerta para os impactos na atmosfera superior, que ainda não foram completamente estudados. O impacto dos lançamentos e reentradas poderia ser significativo, disse o cientista.
Reentrada descontrolada
Outro ponto levantado por especialistas é que uma reentrada descontrolada da ISS seria muito mais perigosa. Darren McKnight, técnico da LeoLabs, ressalta que, sem um plano claro, o laboratório espacial poderia cair em áreas habitadas.
Para evitar esse cenário, a Nasa já contratou a SpaceX para desenvolver um veículo especial que ajudará a guiar a ISS em sua queda. O contrato, avaliado em US$ 843 milhões, é parte da estratégia para garantir que a operação seja o mais segura possível.
Grupos ambientais estão atentos
Apesar do cuidado, organizações como o Greenpeace e a Ocean Conservancy têm expressado preocupações. Os grupos questionam o uso dos oceanos como depósito de restos espaciais, somando-se a outras formas de poluição, como plástico e resíduos químicos.
O despejo de equipamentos espaciais nos oceanos não é novidade. Em 2001, a desativação da estação espacial russa Mir, de 130 toneladas, foi direcionada ao Oceano Pacífico.
Embora a Nasa e os especialistas garantam que o plano para a ISS é seguro, as discussões continuam. Além do impacto no oceano, o crescente uso do espaço traz novos questionamentos aos cientistas sobre como proteger a atmosfera e os recursos naturais do planeta Terra.