Por Flavia Fiorin
Gestora de operações e empreendedorismo do Tecnopuc
Em tempos de desafios complexos que se cruzam globalmente, a inovação é protagonista em qualquer discussão para solucionar desafios urgentes. De mudanças climáticas a segurança alimentar, a geração de soluções por modelos lineares rapidamente se esgota ao deparar com cenários de interdependência.
Evidentemente, inovar não é apenas sobre resolver problemas, mas também essencial para a construção de um futuro mais sustentável e resiliente. A reflexão sobre os impactos sociais e éticos tem sido alvo para que o avanço tecnológico atenda a valores fundamentais de justiça, diversidade e inclusão de uma sociedade em evolução.
A inovação seria então a fórmula perfeita para o futuro da humanidade? Infelizmente, a inovação não é um ato mágico, tampouco resultado da mais avançada aplicação tecnológica. Inovação é, e sempre será, resultado de uma combinação complexa e irreplicável de inúmeros fatores e esforços deliberados.
Colaboração e diversidade em equipes multidisciplinares, que garantam a abundância de perspectivas e habilidades, é crucial para a inovação. Quando o assunto é inovação disruptiva, avanço da ciência e transformação da sociedade, o investimento robusto em pesquisa e desenvolvimento é indispensável.
É nesse contexto que se desenvolveram inovações disruptivas, como os primeiros algoritmos e o desenvolvimento do sistema de comunicação por espectro expandido que deram origem a tecnologias como wi-fi e bluetooth, que hoje, literalmente, estão em nossas mãos. Esse é também o cenário em que se transformam organizações tradicionais, como se deu na introdução da mobilidade elétrica na indústria automobilística e na inserção da computação em nuvem de gigantes da tecnologia.
Se atualmente a inovação é central no debate da evolução do mundo, esse cenário vem sendo construído há décadas, tendo parques científicos tecnológicos e áreas de inovação como protagonistas da conexão entre empresas, academia, governo e sociedade civil, na chamada quádrupla hélice.
Ao marcar o avanço de mais duas décadas de articulação do ecossistema gaúcho de inovação, os parques Tecnopuc, Tecnosinos e Zenit recebem, entre 18 e 20 de março, os principais ambientes de inovação da América Latina, da Europa e dos EUA para a Conferência da International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp). O evento é pautado pelo tema “Alianças para a Inovação – Conectando a América Latina para o Impacto”, passando por discussões como internacionalização, deep tech e políticas públicas, entre outras.
A breve abordagem sobre inovação e a Conferência Iasp introduzem a real motivação desta reflexão: destacar a importância da diversidade para a inovação e marcar a liderança feminina nesse movimento, no mês em que comemoramos o Dia da Mulher. Avançamos muito nos últimos anos, mas, infelizmente, um rápido olhar para pesquisas como a Gender Gap Report aponta que ainda estamos distantes de considerar equidade de gênero um assunto superado.
Possivelmente muitos reconheçam as relevantes inovações citadas, porém não identificam quem esteve à frente delas. Então dedico esta reflexão a nomear essas inovadoras: Ada Lovelace, a precursora programação; Hedy Lamarr, desenvolvedora do sistema de salto em frequência; Mary Barra, CEO da GM liderando a incorporação de tecnologias de mobilidade elétrica; Ginni Rometty, então CEO da IBM quando tecnologias em nuvem emergiram.
Em um recorte representativo dentre muitas mulheres inovadoras, destaco aqui aquelas que estarão conosco na Conferência Iasp: Ebba Lund, CEO da Iasp; Simone Stulp, secretária de Inovação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul; Janelle Castrellón, diretora da Ciudad del Saber, no Panamá; Cinthia Kulpa, diretora do Zenit UFRGS; Adriana Faria, presidente da Anprotec; Carol Stewart, diretora do Tech Park Arizona, nos EUA; Ihoandra Carballo, diretora do Parque de Havana, em Cuba.
Certamente todas estiveram e estão alinhadas à intensidade e à velocidade que a inovação exige. Porém, dedicando devidas pausas para destacar e apontar o que for necessário para inspirar mulheres a ocupar os espaços a que elas realmente pertencem e nele receberem o merecido reconhecimento.
O encontro
Conferência latino-americana da International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp). Entre 18 e 20 de março, no Tecnopuc (Av. Ipiranga, 6.681), em Porto Alegre, com a presença de diversos participantes. A organização é da Aliança para a Inovação de UFRGS, PUCRS e Unisinos. Detalhes em pucrs.br/iasp.