O módulo Moon Sniper, do Japão, iniciará a descida em direção à Lua à meia-noite de sexta-feira (19) para sábado (20) no horário local (meio-dia de sexta-feira pelo horário de Brasília), o que, se for bem-sucedido, colocará o arquipélago asiático no seleto grupo de países para conseguir um pouso controlado no satélite terrestre.
Com sua missão Smart Lander for Investigating Moon (Slim), o Japão quer ser a quinta nação a conseguir um pouso lunar bem-sucedido, depois dos Estados Unidos, da União Soviética, da China e da Índia.
A descida desta nave, apelidada de Moon Sniper (atirador lunar, em tradução livre) pela agência espacial Jaxa, deve começar à meia-noite de sexta para sábado no Japão 12h desta sexta-feira no horário de Brasília). Se tudo correr conforme o planejado, o pouso na Lua deverá acontecer 20 minutos depois.
Um sucesso reverteria a má fase do setor aeroespacial japonês, que acumulou duas missões lunares e vários lançamentos de foguetes fracassados.
Tal como a Índia fez pela primeira vez em agosto com o seu programa espacial de baixo custo, a missão japonesa tem como alvo o polo sul da Lua, muito pouco explorado. Um pouso seguro do Moon Sniper seria “um grande negócio”, disse Emily Brunsden, professora de astrofísica e diretora do Astrocampus da Universidade de York.
— A precisão do pouso do "sniper" é um enorme salto tecnológico que permitirá projetar missões para abordar questões de pesquisa muito mais específicas — explicou à AFP.
Mas a missão é “excepcionalmente complexa tecnologicamente”, alertou Brunsden:
— Geralmente há apenas uma chance de acertar, então o menor erro pode levar ao fracasso.
A origem da Lua
A sonda tentará se colocar em uma cratera, de onde acredita-se que será capaz de acessar o manto da Lua, a camada interna sob sua crosta.
— As rochas aqui expostas são cruciais para a investigação sobre a origem da Lua e da Terra — disse à AFP Tomokatsu Morota, professor da Universidade de Tóquio especializado em exploração lunar e planetária.
A precisão da espaçonave será crucial na tentativa de pousar naquele terreno rochoso e irregular, que examinará com uma câmera, disse Morota.
A agência japonesa Jaxa já conseguiu uma aterragem de precisão num asteroide, mas o desafio é maior na Lua porque a gravidade é mais intensa. A missão também quer esclarecer o mistério sobre a possível presença de água no satélite, fator-chave para a eventual construção de bases lunares.
— A possibilidade de comercialização lunar depende da existência de água nos polos — disse Morota.
Corrida à Lua
A sonda esférica e metálica da missão, com tamanho um pouco maior que uma bola de tênis e equipada com câmera, foi desenvolvida pela JAXA em conjunto com a empresa de brinquedos Takara Tomy.
Mais de 50 anos depois de os humanos terem chegado à Lua, muitos países e empresas privadas estão a tentar imitar o feito. Mas muitos acabam com navios batendo no satélite, falhas de comunicação ou outros problemas técnicos.
Este mês, um módulo privado de pouso lunar americano teve que retornar à Terra devido a um vazamento de combustível e a Nasa adiou os planos de enviar missões tripuladas à Lua para seu programa Artemis.
Rússia, China, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos, entre outros, também tentam chegar ao satélite terrestre. O próprio Japão tem duas missões fracassadas na sua história, uma pública e outra privada. Em 2022, o país insular enviou, sem sucesso, a sonda lunar Omotenashi como parte da missão Artemis 1 dos EUA.
Em abril, a startup ispace tentou se tornar a primeira empresa privada a chegar à Lua, mas perdeu a comunicação com sua espaçonave após um “pouso forçado”.