O início da operação da rede 5G em Porto Alegre compleou seis meses no domingo (29). Atualmente, 50 dos 94 bairros da Capital têm a tecnologia, segundo informações da Tim, Vivo e Claro compiladas por GZH (veja o mapa abaixo). No início da liberação do sinal, no dia 29 de julho de 2022, eram 43 bairros porto-alegrenses com o 5G.
Clientes da Capital relatam que a rede é mais veloz do que o 4G, mas alegam que a cobertura é limitada. Nas lojas, vendedores relatam que os telefones com 5G têm boa procura, mas são mais caros.
Na quinta-feira (26), a Claro informou ter triplicado a capacidade de rede em seis meses: em julho de 2022, a operadora estava presente em 12 bairros; agora saltou para 36. A empresa diz que começará a operar em Caxias do Sul, na Serra, na próxima semana — a Anatel informou, porém, ao jornal Pioneiro, que a empresa já começou a operar, mas apenas na área central.
A Vivo disse que a conexão está em 26 bairros da Capital. Além disso, a empresa informou ter começado a operar em Caxias do Sul na semana passada. A Tim afirmou que irradia o sinal em 36 bairros porto-alegrenses, quatro a mais do que no início do funcionamento do 5G na Capital — a operadora não informou, porém, sobre a operação em Caxias do Sul.
O publicitário Arthur Lencina, 36 anos, comprou um aparelho da Apple com a tecnologia no segundo semestre do ano passado. O morador do bairro Petrópolis, na Capital, não fez a aquisição apenas para utilizar o 5G; mas, com a liberação do sinal, optou por aderir à rede da Claro.
— Não é toda Porto Alegre que tem cobertura. O 5G está igual quando veio o 4G: em determinados pontos na cidade em que ele funciona, é visível a diferença de velocidade de download e upload. Pelo que entrega, pela capacidade e qualidade, é uma revolução — afirma.
Hildo Alegria Filho, 40 anos, morador do bairro Hípica, na zona sul de Porto Alegre, é cliente da Vivo. Ele também adquiriu um telefone celular da Apple, no qual acessa redes sociais e consome conteúdos de plataformas de vídeos. O empresário diz que tem facilidade no acesso ao sinal, mas destaca que a cobertura da rede tem sido um problema em sua rotina.
— O 5G está focado no Centro, Menino Deus, Moinhos de Vento. É restrita. Como moro na Zona Sul, é um pepino gigante. Tenho um celular 5G, mas em 90% do tempo não uso (a rede). Mas consigo sentir a diferença, pela confiabilidade do sinal e oscilação menor do que o 4G. Na velocidade, não vejo muita diferença — conta.
No caso de Adriana Silva, 33 anos, vendedora de uma loja de roupas e moradora do Centro, a cobertura parcial do 5G em Porto Alegre não faz tanta diferença em seu dia a dia. Isso porque, além de trabalhar na região, ela mora a menos de um quilômetro do trabalho, em um trecho que tem cobertura da rede da Tim.
— Não sou de usar muito o celular na rua, mas quando preciso, vejo que está funcionando (ela mostra o sinal na tela do aparelho). Em casa, uso (internet) wi-fi e ligo o 5G raramente, mas funciona bem também. Nunca tive problemas — relata.
Especialista avalia experiência na prática
Rafael Kunst, professor da Escola Politécnica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), é um dos que decidiu comprar um telefone para usar o 5G em Porto Alegre. Ele define a conexão como “bastante estável e com boas taxas de transmissão”. Para acessá-la, Kunst, cliente da Claro, utiliza um Iphone 13, da Apple:
— Na prática, se percebe uma maior velocidade em downloads e maior agilidade para assistir vídeos. A diferença mais impactante para as pessoas, no momento, está na necessidade de atualização de aparelho, visto que a tecnologia demanda um hardware atualizado em relação ao 4G.
No período com a nova tecnologia, o professor da Unisinos diz que a mudança para o 5G não apresenta diferença do ponto de vista da usabilidade da internet no aparelho. Ele tem medido a velocidade da internet na Zona Norte da Capital, onde alcançou taxas entre 300 e 400 MB/s.
— Ainda está em processo de implantação, então ainda não entrega todo o esperado, principalmente, no que tange à cobertura da rede. Mas isso é algo esperado e que deve seguir um cronograma de expansão. Eu não vejo pontos negativos, as questões mais delicadas estão relacionadas mais a características da implantação do que a pontos negativos propriamente ditos — pontua.
Apesar de pesquisar tecnologias, Jéferson Nobre, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), decidiu ficar “de fora” do 5G nos primeiros meses de implementação. Segundo ele, essa é uma estratégia no aguardo de melhorias naturais feitas na tecnologia com a expansão da rede:
— Resolvi aguardar para ter mais modelos de telefone com 5G, uma cobertura melhor em regiões mais distantes. Apesar de trabalhar com o tema, não sou um early adopter (quem adota a tecnologia no início), para o uso pessoal. Por isso não fui para o 5G.
Procura
Segundo Maurício Dornelles, vendedor de uma loja de aparelhos do centro de Porto Alegre, as vendas de telefones celulares aptos a receber o 5G têm crescido nas últimas semanas. Segundo ele, os aparelhos com a tecnologia passaram a ser os mais comercializados neste ano: hoje representam 70% das da demanda de celulares do estabelecimento.
— O pessoal tem procurado mais velocidade, uma conexão melhor. Antes (no ano passado), muitos clientes não entendiam que o 5G entregava mais velocidade e acabavam optando pelo 4G. Com o tempo, explicamos como funciona, tiramos as dúvidas, e, agora, o pessoal opta mais pelo 5G mesmo — comenta.
Em outra loja do Centro especializada em venda de telefones celulares e acessórios para os aparelhos, a situação é diferente: as vendas pelo 5G ainda perdem para os dispositivos com 4G. Mas, nesse caso, a justificativa tem base na parte financeira, explica Rodrigo Rolim, vendedor do local:
— O 5G é um pouco mais caro ainda se comparamos aos celulares mais novos. Isso pesa também nas vendas. Alguns (celulares) com 4G ficaram mais baratos com a chegada do 5G. Então, às vezes, financeiramente, vale mais a pena comprar um celular mais antigo.
Operadoras
Claro
No momento, são 36 bairros onde o sinal da Claro irradia em Porto Alegre: Auxiliadora, Azenha, Bela Vista, Bom Fim, Bom Jesus, Centro, Chácara das Pedras, Cidade Baixa, Costa e Silva, Cristal, Cristo Redentor, Farroupilha, Floresta, Higienópolis, Humaitá, Independência, Menino Deus, Moinhos de Vento, Mont’Serrat, Navegantes, Passo D’Areia, Petrópolis, Praia de Belas, Rio Branco, Santa Maria Goretti, Santana, Santo Antônio, São Geraldo, São João, São Sebastião, Sarandi, Três Figueiras, Tristeza, Vila Assunção, Vila Conceição e Vila Ipiranga
À reportagem, a empresa afirma a rede Claro 5G+ será expandida conforme o aumento da presença de terminais 5G nos bairros e chegará gradativamente a outras áreas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.
Vivo
A Vivo 5G está presente em regiões de 26 bairros: Auxiliadora, Bela Vista, Boa Vista, Bom Fim, Centro, Cidade Baixa, Farroupilha, Floresta, Higienópolis, Independência, Jardim Botânico, Menino Deus, Moinhos de Vento, Mont’Serrat, Partenon, Passo D’Areia, Petrópolis, Praia de Belas, Rio Branco, Santa Cecília, Santa Maria Goretti, Santa Tereza, Santana, São Geraldo, São João e Três Figueiras.
A empresa informou que, assim como ocorreu nas gerações anteriores, “a expansão da rede 5G é gradual e evolui de acordo com capacidades técnicas, demanda e autorizações para instalações de antena.”
Tim
São 36 bairros porto-alegrenses contemplados com o 5G da Vivo: Auxiliadora, Bela Vista, Boa Vista, Bom Jesus, Cascata, Cavalhada, Centro, Cidade Baixa, Cristo Redentor, Farroupilha, Floresta, Humaitá, Independência, Itu Sabará, Jardim Lindoia, Mario Quintana (região do Alto Petrópolis), Menino Deus, Moinhos de Vento, Navegantes, Nonoai, Partenon, Passo D’Areia, Petrópolis, Praia de Belas, Rubem Berta, Santa Cecília, Santa Maria Goretti, Santa Rosa de Lima, Santa Tereza, Santana, Santo Antônio, São Geraldo, São Sebastião, Sarandi, Vila Nova e Vila Ipiranga. Segundo a companhia, "o objetivo é continuar crescendo gradativamente, tanto em abrangência quanto na qualidade do serviço.”
5G outras em outros municípios gaúchos
A segunda cidade do Estado a receber autorização para implantação da rede foi Caxias do Sul, na Serra. Isso ocorreu porque a expansão da rede no país respeita um cronograma previsto no edital da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Depois de todas as capitais terem ativado o sinal em 2022, é vez das cidades com mais de 500 mil habitantes, que é o caso de Caxias do Sul.
Além disso, nesta semana, a agência decidiu expandir a autorização para outros 78 municípios com mais de meio milhão de moradores ou próximos a essas cidades ou capitais. Assim, no Estado, entram nessa lista Farroupilha, Flores da Cunha e São Marcos, cidades próximas a Caxias do Sul. Desse modo, atualmente, o RS tem cinco municípios autorizados a utilizar a conexão.
À reportagem, Vivo informou ter começado a operar em regiões dos bairros Centro, São Pelegrino, Rio Branco, Panazzolo, Nossa Senhora de Lourdes, Kayser e Santa Catarina.
A Claro disse que o 5G+ começa a ser ativado gradualmente em Caxias do Sul a partir da próxima semana. Somado a isso, pontua a empresa, a rede chegará a outras áreas do Rio Grande do Sul, mas não foi informada uma data para isso.
A Tim não informou quando começará a ativação do 5G em Caxias do Sul.
O que é o 5G?
O 5G é a quinta geração de rede de internet móvel. A rede é projetada para ser mais veloz para downloads e uploads, ter cobertura mais ampla e conexões mais estáveis do que o 4G.
Além da internet móvel, a tecnologia ampliará a conexão de novos mercados, como é o caso da indústria 4.0, agricultura de precisão e carros autônomos, por exemplo. Em teoria, a rede 4G, que segue sendo utilizada em locais sem 5G ou em aparelhos que não são preparados para a nova tecnologia, é capaz de atingir a velocidade de 1 Gbps (gigabit por segundo), o que não ocorre no uso diário dos celulares. O 5G pode chegar a 20 Gbps, no melhor dos cenários da conexão, conforme com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).