Os relatos de avistamentos de luzes no céu de Porto Alegre, que ocorrem desde o início deste mês, seguem acontecendo. E, na noite desta terça-feira (15), as câmeras do Observatório Heller & Jung flagraram o momento em que dois objetos brilham ao mesmo tempo.
Trata-se do rastro de luz de um jato em rota de aterrissagem passa sobre o aeroporto Salgado Filho e de facho de luz (ou flare) produzido por um satélite russo, que pisca em outro ponto do céu da Capital, explica o professor Carlos Jung, coordenador do curso de Engenharia de Produção das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) e um dos fundadores do Observatório. As imagens foram obtidas com um ajuste nos equipamentos, que são utilizados para observar a passagem de meteoros.
— A velocidade média de um meteoro é de 70 mil quilômetros por hora. Um jato vai, no máximo, a mil (km/h). Fizemos um ajuste, reduzindo a velocidade das nossas 22 câmeras e conseguimos registrar o fenômeno — explica.
As luzes foram captadas às 23h24min no horário de Brasília. Esta foi a primeira vez que Jung conseguiu registrar um jato e um flare de um satélite ao mesmo tempo.
— O maior número de avistamentos (nas últimas semanas) é de satélites Starlink, mas também outros satélites podem ser avistados como este — comenta.
O professor prevê que os avistamentos de luzes como estas devem se intensificar até fevereiro de 2023. Segundo ele, uma das causas dos chamados flares, provocados pelo reflexo da luz do sol em satélites, é a inclinação da Terra em direção ao astro nesta época do ano. Ele diz que a iluminação dos satélites geralmente ocorre no início da noite ou fim da madrugada; porém, neste período, vem ocorrendo ao longo da noite e no meio da madrugada.
Jung pontua que entre a comunidade científica já há discussões sobre a quantidade de satélites lançados ao espaço que, começam a formar uma espécie de “grade” ao redor do planeta, ocasionando problemas do ponto de vista da astronomia. E salienta a importância de disseminar as informações corretas do ponto de vista científico, pois considera que muitos dos avistamentos registrados desde o começo deste mês podem ter sido helicópteros ou drones.
— Se fosse um ovni (objeto voador não identificado) de origem extraterrestre, com certeza, nós divulgaríamos. Somos os principais interessados em saber se estamos sozinhos no universo, mas neste caso não é. É importante esclarecer isso para a população — conclui Jung.
A Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) construiu um vídeo didático sobre as luzes misteriosas, divulgado pelo colunista Jocimar Farina. O diretor técnico Marcelo Zurita apresenta o experimento. Usa um laser, um globo terrestre e um espelho para projetar o sol, a terra e satélites. O experimento mostra que o eixo de inclinação da Terra, nesta época do ano, com os novos equipamentos que foram mandados para o espaço, é a receita certa para a explicação dos fenômenos. Assista: