Um grupo de astrônomos que trabalham com o telescópio espacial Gemini Nort, localizado no Havaí, nos Estados Unidos, e com o satélite europeu Gaia, confirmaram na sexta-feira (4) a descoberta do buraco negro mais próximo da Terra. Chamado de Gaia BH1, ele fica a 1,6 mil anos-luz de distância e, de acordo com a equipe, não oferece nenhum risco ao planeta. As informações são do The New York Times.
Um estudo publicado em 10 de outubro no site científico Arxiv já apontava para a possibilidade de existência desse buraco negro mais próximo da Terra. Agora, por meio de um estudo independente, os pesquisadores conseguiram confirmar a hipótese e validar a descoberta do buraco negro.
Segundo os astrônomos, o Gaia BH1 está localizado na constelação de Ophiuchus, pesa 10 vezes a massa do Sol e fica perto de uma estrela semelhante a ele. Apesar de ser o buraco negro mais próximo da Terra que se tem registro — um comunicado do observatório informou que o Gaia BH1 está no nosso "quintal cósmico" —, ele ainda está muito distante. Para efeitos de comparação, um observador precisaria viajar por 1,6 mil anos na velocidade da luz (algo impossível com a atual tecnologia) para chegar até ele.
Os astrônomos só conseguiram confirmar que se tratava de um buraco negro quando analisaram detalhadamente o comportamento e a velocidade de uma estrela que o orbita. Para isso, contaram com o apoio do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), e do instrumento Gemini Multi-Object Spectrograph, do telescópio Gemini.
O que chamou a atenção dos pesquisadores é que essa estrela "tremia", como se estivesse sob a influência gravitacional de um corpo celeste até então invisível. A partir de um estudo detalhado de seu período orbital, descobriram que ela orbitava o Gaia BH1 e que ficava a uma distância dele semelhante a da Terra em relação ao Sol.
Um fato curioso é que, diferentemente dos outros buracos negros já conhecidos que estão em intensa atividade "puxando" toda matéria e a luz para si, o Gaia BH1 parece estar dormente e silencioso.
A equipe ainda busca entender como a estrela que fica próxima do Gaia BH1 conseguiu sobreviver e não ser "engolida" devido aos efeitos gravitacionais do buraco negro. Além disso, os astrônomos querem compreender como esse sistema binário foi formado. Estudos nessa área poderão também ajudar os pesquisadores a estimar quantos buracos negros inativos existem no universo.
Antes dessa descoberta, o buraco negro mais próximo da Terra de que se tinha registro era um que fica aproximadamente 3 mil anos-luz de distância do planeta, na constelação de Monoceros. Uma das diferenças dele para o recém-descoberto é que está em intensa atividade.