A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) e a Agência Espacial Alemã (DLR) divulgaram na quinta-feira (28) que as operações do observatório astronômico Sofia poderão ser encerradas em 30 de setembro. De acordo com as agências, os motivos para quererem desativar a estrutura seria o alto custo para manutenção de suas atividades e o pouco retorno científico.
A Nasa gasta aproximadamente US$ 85 milhões anuais com o Sofia (aproximadamente R$ 442,5 milhões). Com exceção do telescópio espacial James Webb, o observatório é a segunda missão de astrofísica mais cara da agência espacial. Nas propostas orçamentárias da instituição para os anos fiscais de 2021 e 2022 já estava prevista a desativação da estrutura.
Em 28 de março, a Nasa divulgou um documento em que o Sofia não aparece incluído na proposta orçamentária da agência. Até o momento, a instituição não detalhou como será o encerramento da missão, apenas informou que “terminará suas operações programadas para o ano fiscal de 2022, seguida de um desligamento ordenado".
Suraiya Farukhi, diretora da Associação de Pesquisa Espacial das Universidades (USRA, na singla em inglês), informou que o encerramento das operações ainda está em debate entre a Nasa, a DLR e o Deutsches Sofia Institut, parceiro alemão da USRA no projeto. De acordo com Suraiya, mais de 700 voos da missão estão sendo planejados, sendo 30 com destino para a Nova Zelândia.
Na última reunião sobre o projeto Sofia, mais de cem projetos de observação que contariam com o apoio da tecnologia foram aprovados, mas provavelmente nem todos conseguirão ser realizados até setembro.
De acordo com Thomas Zurbuchen, administrador associado para ciência da Nasa, o fim do Sofia não representa o término das relações entre norte-americanos e alemães. Segundo Zurbuchen, está sendo planejado um workshop em que serão discutidos novos projetos espaciais entre os dois países.
O Sofia
O observatório Sofia (sigla para Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy — Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha, em português) é formado por um avião Boeing 747SP que transporta um telescópio infravermelho que tem 2,7 metros e que é usado para observar a Via Láctea. A tecnologia foi montada para a missão Sofia, que começou a ser desenvolvida em 1996.
O primeiro voo do observatório astronômico aconteceu em 2010, mas somente quatro anos depois a estrutura conseguiu atingir sua capacidade operacional. Durante os anos de operação, o Sofia realizou importantes observações de planetas, regiões de formações estelares e chegou a detectar água em crateras iluminadas na Lua.