A Terra foi atingida por tempestades solares nesta segunda (14) e terça-feira (15). O fenômeno foi o mais forte e intenso dos últimos seis anos. De acordo com os astrônomos, o evento surpreendeu pela frequência, algo que não costuma ocorrer. As tempestades solares podem ocasionar interferências em satélites, na rede elétrica, em GPS e até mesmo atrapalhar o fluxo migratório de aves que se orientam pelo campo magnético da Terra
O fenômeno já tinha sido anunciado na semana passada por serviços meteorológicos internacionais. De acordo com o Centro de Previsão do Clima Espacial da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), a primeira tempestade foi classificada como moderada, enquanto a segunda, leve. O órgão ainda explicou que os eventos foram ocasionados pela chegada de uma série de ejeções de massa coronal do Sol que alcançaram o planeta desde 10 de março.
Ejeções de massa coronal são liberações de grandes quantidades de matéria da atmosfera solar, provenientes de uma região chamada de Coroa, região mais externa da atmosfera solar, que se estende até cerca de dois raios solares. As ejeções resultam de instabilidades magnéticas de grande escala.
Segundo os especialistas em fenômenos meteorológicos, os níveis máximos de atividade magnética pelo índice Kp (escala de 10 pontos) observados na segunda e terça-feira foram, respectivamente, seis e cinco. Embora as tempestades mais intensas ocorram somente com índices superior a seis, os eventos contribuíram para o surgimento das auroras brilhantes no céu — austral (Hemisfério Sul) e boreal (Hemisfério Norte).
Estágios das tempestades geomagnéticas
As tempestades geomagnéticas observadas nesta semana ocorreram em três estágios. No primeiro, duas erupções solares movendo-se a 7,2 milhões km/h atingiram a Terra entre segunda-feira e terça-feira. Os fenômenos podem ter ocasionado apagões em algumas regiões.
O segundo estágio começará nesta quarta-feira (16), quando a radiação solar atingir o campo magnético do planeta. Isso pode ocasionar impactos no tráfego aéreo, principalmente em regiões próximas aos polos. Também poderá impactar no funcionamento de satélites e afetar a orientação de astronautas que estejam em caminhada espacial. Essa fase pode durar até quatro dias.
No último estágio, a nuvem de plasma lançada pela ejeção de massa coronal — que é praticamente um grande pedaço da atmosfera solar — chegará à Terra, com previsão para quinta-feira (17). Essa fase poderá causar perturbação em redes elétricas, satélites, oleodutos e sistemas avançados de GPS utilizados por perfuradoras de petróleo, agrimensores e algumas operações agrícolas.
Tempestades e ventos solares
As tempestades geomagnéticas ocorrem sempre que o Sol se torna mais ativo. Neste contexto, as ejeções de massa coronal da estrela (CMEs, em inglês) originam as tempestades, que atuam junto dos ventos solares. Os dois elementos são os responsáveis por causarem interrupções no campo magnético da Terra e na atmosfera superior.
Uma CME ocorre quando a Coroa do Sol — região mais externa de sua atmosfera — entra em erupção. A partir disso, há a ejeção de plasma e campos magnéticos no espaço. Se a liberação estiver no sentido apontado para a Terra, há colisão com o campo terrestre e, assim, origina a tempestade solar.
Os ventos solares emergem de "buracos" na Coroa do Sol que permitem que eles escapem e liberem radiação eletromagnética em alta velocidade. Com isso, as partículas solares carregadas atingem a atmosfera terrestre e são canalizadas ao longo das linhas do campo na Terra em direção aos polos. Em seguida, elas migram para a atmosfera superior e interagem com moléculas, fazendo com que as estruturas moleculares brilhem, formando as chamadas auroras.
Consequências
Além de contribuir com a formação das auroras, as tempestades geomagnéticas podem ocasionar outras consequências, como interferência em satélites, na rede elétrica, em sinais de rádio e até na atividade migratória de aves que se orientam pelo campo magnético.
Como o Sol está em sua fase mais ativa e indo em direção ao seu máximo solar — período em que o campo magnético solar fica mais forte — aumentará a incidência de manchas solares, erupções da estrela e ejeções de massa coronal nos próximos dias. O máximo solar propriamente dito deverá ocorrer em julho de 2025.