Os criminosos virtuais têm se aproveitado do uso cada vez maior dos meios digitais por parte dos brasileiros para resolver questões burocráticas e de pagamentos. Prova disso, é o aumento de 100% do chamado phishing – golpe em que a vítima pode ter dados pessoais roubados ao clicar em links maliciosos – no primeiro bimestre deste ano em relação a 2020. O dado é de um estudo publicado este mês pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Entre as várias modalidades de phishing, a mais recente é a do golpe boleto.
De acordo com o Instituto de Defesa do Cidadão na Internet, são registradas, no país, 10 fraudes por semana desse tipo de crime. O golpe funciona da seguinte maneira: os criminosos geram boletos falsos, quase idênticos aos de empresas com ampla base de usuários, como bancos e operadoras de internet, por exemplo. Muitas vezes, os documentos são personalizados com os dados reais das pessoas. Feito isso, os criminosos a passam a fazer disparos de mensagens, esperando que alguém seja atraído pela armadilha e que o valor do documento seja pago.
Os fraudadores podem entrar em contato com por e-mail ou pelo WhatsApp. José Milagre, especialista em crimes cibernéticos, afirma que é preciso redobrar a atenção se o e-mail recebido do suposto cobrador tiver títulos alarmantes.
— Atente para o uso das palavras "urgente" e "última chance" e, se houver o uso de exclamações no logo no assunto da mensagem, também desconfie. Cobranças feitas pelo WhatsApp devem ser imediatamente ignoradas, já que empresas e bancos não fazem esse tipo de abordagem junto aos seus clientes.
Milagre reforça ainda que nunca se deve clicar em arquivos de e-mails suspeitos, porque além de correr o risco de pagar uma cobrança falsa, esse clique pode fazer com que seja instalado em seu computador ou celular vírus maliciosos que passarão a monitorar suas contas e a ter acesso a suas senhas – que serão enviadas ao fraudador.
— Com esses dados em mãos, o criminoso passará a usar suas informações pessoais para outras práticas, como para a clonagem de WhatsApp e, a partir daí, passar a pedir dinheiro para os seus contatos, por exemplo.
O especialista em crimes cibernéticos dá algumas dicas para que a população não caia no golpe.
- Procure baixar o boleto diretamente no site do cobrador.
- Confira se os seus dados e os do beneficiário estão corretos no boleto.
- Confirme se as informações mostradas após a leitura do código de barras correspondem aos dados de quem está pagando e do beneficiário.
- Caso os seus dados ou os do cobrador estejam errados na tela, cancele a operação.
— E vale lembrar que a melhor alternativa é a prevenção mesmo. Os boletos são documentos difíceis de serem rastreados e reaver o dinheiro é praticamente impossível – destaca o especialista.
O que fazer se você cair no golpe do boleto
Caso você caia na fraude, informe o banco no qual você fez o pagamento. Como a compensação de um boleto bancário pode demorar até três dias úteis, pode existir a possibilidade de o gerente cancelar a transferência do dinheiro. Mas a ação não é garantida.
Além disso, entre em contato com o banco e comunique à instituição bancária ou a loja destinatária o ocorrido. Por fim, faça um boletim de ocorrência.