A SpaceX, do empresário Elon Musk, lançou nesta segunda-feira (6) o terceiro lote de 60 minissatélites na órbita terrestre. Um foguete Falcon 9 decolou sem incidentes do Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), às 21h19min (23h19min no horário de Brasília). O evento foi transmitido ao vivo pela SpaceX.
Uma hora depois, os 60 satélites se separaram ordenadamente a cerca de 290 quilômetros acima do oceano entre a Austrália e a Antártica, etapa que foi transmitida ao vivo por uma câmera a bordo do foguete. O lançamento faz parte de um plano para construir uma constelação de milhares de satélites que formarão um sistema global de internet banda larga.
Se a órbita for alcançada com êxito, a rede SpaceX Starlink terá pouco menos de 180 satélites. No ano passado, já haviam sido realizados dois lançamentos semelhantes. O empreendimento espacial pode chegar a 42 mil objetos na órbita terrestre, resultando em um céu abarrotado. Esse cenário gera preocupação entre os astrônomos de que algum dia esses dispositivos possam ameaçar nossa visão do cosmos.
Atualmente, existem cerca de 2,1 mil satélites ativos na órbita do planeta, de acordo com a Satellite Industry Association.
O objetivo da SpaceX é controlar grande parte do futuro mercado de internet a partir do espaço. Vários concorrentes têm a mesma ambição, incluindo a startup OneWeb, com sede em Londres, e a gigante do varejo americana Amazon, cujo projeto Kuiper está muito menos avançado.
Musk espera controlar entre 3% e 5% do mercado global da internet: um plano avaliado em US$ 30 bilhões por ano, cerca de 10 vezes o que a SpaceX está ganhando com seus lançamentos espaciais. Depois, a intenção seria reinvestir o lucro no desenvolvimento de foguetes e de naves espaciais. O chefe da SpaceX tem o sonho de colonizar Marte.
Preocupações dos astrônomos
Até agora, a SpaceX, com sede na Califórnia, recebeu autorização dos Estados Unidos para lançar 12 mil satélites em várias órbitas diferentes, mas já solicitou o lançamento de até 30 mil. A empresa diz que sua constelação de satélites estará operacional para o Canadá e o norte dos Estados Unidos no próximo ano.
Os astrônomos dizem que a proliferação de satélites de metal brilhante poderia degradar seriamente a visão noturna, interferindo na astronomia óptica e na radioastronomia. A SpaceX alega, porém, que tomou medidas para reduzir a refletividade dos satélites e está testando um tratamento experimental de escurecimento na carcaça de um deles.
Laura Forczyk, analista espacial, disse que ainda não se sabe se essas medidas serão eficazes.
— A SpaceX ainda não aliviou os astrônomos preocupados com a refletividade de seus satélites Starlink — disse ela à AFP.
— O teste real será nos dias após o lançamento, quando os pequenos satélites estiverem juntos e em uma altitude mais baixa, antes de subirem para sua órbita final. Astrônomos e observadores de estrelas serão capazes de comparar o brilho desse lote atual de pequenos satélites com as visões anteriores— explicou Laura.
Outra crítica é que a superlotação da órbita levará a colisões entre satélites, o que poderia criar milhares de pedaços de novos detritos espaciais. A SpaceX argumenta que também tem um plano para isso: seus satélites Starlink são implantados a uma altitude de 290 quilômetros e, em seguida, ativam propulsores iônicos para atingir uma órbita de 550 quilômetros.