
Tiago Ricardo Felber, 40 anos, que confessou ter arremessado o filho de cinco anos de ponte sobre o Rio Vacacaí, em São Gabriel, na Fronteira Oeste do RS, foi denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) nesta segunda-feira (28).
Felber foi acusado por homicídio seis vezes qualificado, tentativa de homicídio cinco vezes qualificada e ameaça. Ele está preso preventivamente.
Conforme a acusação, no dia 25 de março, Felber saiu de casa com a intenção de matar o próprio filho, Théo Ricardo Ferreira Felber, cinco anos, dissimulando o desejo com um passeio de bicicleta. Durante o percurso, procurou um local para cometer o assassinato, mantendo a criança distraída até a chegada ao palco do crime — a ponte sobre o Rio Vacacaí.
De lá, o homem arremessou Théo, que caiu sobre pedras. O menino teve lesões graves e traumatismo crânio-encefálico, o que lhe ocasionou a morte.
Menino estava vivo quando foi arremessado da ponte
Segundo o entendimento do MP, o crime foi cometido por motivo torpe, tendo como objetivo causar sofrimento à ex-companheira, a mãe de Théo, que estava em um novo relacionamento amoroso. O denunciado não teria aceitado o fim da relação.
A promotoria compreendeu ainda que o delito foi realizado com meio cruel, isso porque o homem arremessou o filho, vivo e consciente, do alto da ponte, gerando sofrimento psicológico e físico à criança e demonstrando falta de piedade.

Neste contexto, o MP assinalou que houve uso de surpresa para dificultar a defesa da vítima, ao parar a bicicleta, pegar a criança e jogá-la em direção às pedras.
Conforme a denúncia, que foi ajuizada pela promotora Maria Fernanda Rabelo Ramalho, o crime foi cometido mediante traição e dissimulação, uma vez que “o denunciado traiu o sentimento de amor e confiança do filho, simulando um passeio, quando na verdade estava conduzindo-o ao local de sua morte”.
O MP acredita que o assassinato foi praticado para assegurar a ocultação de outro crime — uma tentativa de homicídio. No dia anterior à morte do menino, Felber teria chamado a criança até o quarto e a esganado, em uma tentativa de matá-lo.
Felber também foi denunciado por ameaça. No dia 24 de março, um dia antes do assassinato, o homem teria enviado mensagens à ex-companheira após descobrir o novo relacionamento amoroso dela: "Eu vou infernizar a tua vida daqui para frente agora" e "tu mexeu com o ‘homi’ errado" teria dito nos áudios.
As qualificadoras
As qualificadoras pelo crime de homicídio propostas pelo MP são motivo torpe, meio cruel, mediante traição, e dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima, para assegurar a ocultação de outro crime e ser praticado contra menor de 14 anos. Como majorante (causa que aumenta a pena de um crime), ter sido praticado contra descendente.
Já as qualificadoras da tentativa de homicídio indicadas na denúncia são: motivo torpe, emprego de asfixia, mediante traição e dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima e praticado contra menor de 14 anos, com a mesma majorante.
Relembre o caso
Théo foi jogado da ponte sobre o Rio Vacacaí em 25 de março. A travessia fica na Avenida Getúlio Vargas, no bairro Mato Grosso, em São Gabriel. O menino morava com a mãe em Nova Hartz, mas estava sob os cuidados do pai.
Em depoimento, o homem contou que esganou o filho durante a noite anterior ao crime, mas a criança recuperou os sinais vitais. O menino apresentava lesões antigas no corpo.
Câmeras de segurança registraram Felber carregando Théo por cerca de três horas em uma bicicleta antes de o menino ser encontrado morto.
Após o crime, ele também teria enviado áudios no WhatsApp a familiares de Théo afirmando que jogou a criança da ponte.
O homem se apresentou à Brigada Militar e afirmou ter arremessado o filho do local. Ele afirmou que cometeu o crime para se vingar da ex-companheira.
O laudo de necropsia feito pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou que a morte do menino foi ocasionada por traumatismo crânio-encefálico, devido à queda da ponte.
Em 22 de março, Tiago Ricardo Felber foi indiciado pela Polícia Civil por duas ocorrências: a morte do menino e uma tentativa de homicídio anterior.
Na sexta-feira (25), o Tribunal de Justiça do RS decretou a prisão preventiva do homem, que segue detido desde que se entregou à polícia.