
Zero Hora mapeou os homicídios em Porto Alegre no ano de 2024. Os bairros com maior número de assassinatos estão localizados em áreas periféricas, nas regiões Sul, Leste e Norte. Juntos, Restinga, Sarandi, Lomba do Pinheiro e Rubem Berta, com mais registros de vítimas, somaram 58 mortos, o que corresponde a 35% dos casos.
Dos 164 homicídios ocorridos em Porto Alegre no ano passado, 72 deles (44%) foram de jovens com idade entre 15 e 29 anos. Quando se isola as mortes nessa faixa etária, os quatro bairros com maior número de mortes representam percentual mais elevado: 30 vítimas, o que soma 41% dos jovens assassinados em Porto Alegre.
Os homicídios foram registrados em 48 bairros da Capital, enquanto os assassinatos de jovens se concentraram em 31 deles. A Restinga, na Zona Sul, foi o bairro com a maioria dos casos, num total de 18 vítimas. O número é menor do que em 2023, quando, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), tinham sido registrados 23 homicídios.
Maior bairro do Rio Grande do Sul, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Restinga possui uma característica peculiar: é loteada por ao menos 10 grupos criminosos vinculados ao tráfico de drogas. Historicamente, a Restinga possui a presença de, pelo menos, uma dezena de quadrilhas — algumas delas maiores e já consolidadas, outras de menor influência no tráfico.
Foi em meio às disputas de facções que uma jovem de 25 anos foi morta com um disparo na cabeça em novembro do ano passado. Camilla Lopes Fruck, que não tinha nenhuma relação com o crime organizado, foi alvejada por uma bala perdida, enquanto estava dentro de um veículo. A polícia identificou um suspeito, de 19 anos, que era segurança de um ponto de tráfico.
Logo depois, vem o Sarandi, na Zona Norte, com 15 assassinatos. A Lomba do Pinheiro, na Zona Leste, teve 14 registros e o Rubem Berta, também na Zona Norte, registrou 11 mortos. Ao se olhar somente as mortes de jovens, a Restinga também foi o bairro com maior número de vítimas, com 10 óbitos. O segundo nessa escala foi a Lomba do Pinheiro, com oito vítimas, seguido pelo Sarandi, com sete mortos. No Rubem Berta, cinco vítimas tinham entre 15 e 29 anos.
— Um fator que se repete em bairros periféricos é que, na maior parte dos contextos das mortes, o crime acontece próximo ou no ponto de tráfico, ou mesmo em locais importantes para a facção, como depósitos de armas ou esconderijos de drogas. Nesses locais, de influência desses grupos criminosos, há maior circulação de faccionados. Isso tanto em casos de mortes de rivais, como de queima de arquivo internas — afirma o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Mario Souza.