O corpo da filha recém-nascida de um casal de Sério, no Vale do Taquari, foi queimado pelo pai em um lixão da cidade e jogado em uma área de mata. As informações são do delegado Humberto Messa, de Lajeado, que investigou o caso e falou ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha. Os pais da menina foram presos preventivamente na manhã desta segunda-feira (20).
Ambos foram indiciados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual. Eles não tiveram a identidade divulgada. Segundo o delegado, a motivação seria, principalmente, o medo da mãe, de 19 anos, de ser abandonada pelo namorado, de 20.
O crime teria ocorrido em setembro. Conforme a investigação, a criança foi morta imediatamente após o nascimento com um corte de faca de serra no pescoço.
Conforme Messa, o período de quatro meses para a conclusão do inquérito foi necessário para a coleta de provas materiais que comprovassem o dolo, como teste de DNA na faca que teria sido utilizada no crime.
O caso chegou ao conhecimento da polícia, logo após o nascimento. A mãe deu entrada em um hospital de Lajeado com sinais de pós-parto, porém sem o bebê. Inicialmente a investigação era referente a um aborto.
Entretanto, a polícia encontrou a faca usada no crime no banheiro em que a mulher teria realizado o parto e o corpo do bebê foi descoberto em um aterro da cidade.
Ela e o pai da criança alegaram que o bebê teria morrido naturalmente assim que nasceu, mas a perícia nega a versão, afirmando que a causa da morte foi a degola.
— Quando encontramos, o corpo estava parcialmente queimado. Só depois, com a necrópsia, que foi possível saber que realmente a criança havia sido morta — contou o delegado.
A perícia ainda descobriu como aconteceu o crime. Segundo o delegado, a mãe teria degolado a criança imediatamente após o nascimento e a colocado junto ao lixo.
— Depois que a mulher pariu, ela recolheu a criança, enrolou em algumas toalhas, absorventes, lixo do próprio banheiro. O rapaz recolheu isso aí e levou para uma região que é o lixão da cidade, o aterro sanitário. Ele ateou fogo nesse “lixo”, por assim dizer. A criança pegou fogo parcialmente e depois ele a pegou e arremessou para dentro da mata — contou o delegado durante a entrevista.
Gravidez indesejada
O delegado relatou que, desde a descoberta da gravidez, o casal rejeitava a ideia de ter a filha.
O desejo de terminar a gravidez seria de ambos. Foram realizadas tentativas de abortos, sem sucesso. Mesmo assim, de acordo com o delegado, o pai teria sido firme na decisão de não ter o bebê.
— O rapaz insistentemente queria que ela abortasse. O rapaz constantemente ameaçava a mãe de abandoná-la. Essa foi a principal motivação deste crime horrendo — diz o delegado.
A gestação teria sido escondida dos familiares, que só descobriram o que aconteceu após o crime.