O procurador de Justiça Fábio Costa Pereira destacou, neste domingo (15), em entrevista à Rádio Gaúcha, a série de discursos extremos que foram identificados pelo Ministério Público gaúcho em ambientes frequentados por crianças e adolescentes em redes sociais. Pereira coordena o Núcleo de Prevenção à Violência Extrema do Ministério Público.
Após um ano de trabalho dedicado à prevenção de violência extrema praticada ou planejada por crianças e adolescentes, o coordenador do núcleo diz perceber que, para esses jovens, interessa menos o conteúdo do discurso extremista e mais a busca por algo que dê vazão ao ódio que sentem.
— Do espectro ideológico tem tudo: supremacismo, racismo, homofobia, aceleracionismo... Mas a gente precisa compreender que esses nossos jovens não sabem ao certo o que estão falando. Na realidade, eles têm um ódio interno, e a esse ódio eles precisam dar um nome. E não importa qual o nome seja. Para eles não existe nenhum antagonismo assumir um pouquinho de cada ideologia que dê cor e dê vida ao ódio que eles sentem — diz Pereira.
O procurador defende que a melhor forma de prevenir ataques praticados por jovens é aprender a compreender os sinais que são dados antes de os atos de violência serem praticados. Isso, segundo o membro do Ministério Público, é mais efetivo do que investimento em sistemas de segurança e policiamento.
— Esse adolescente, na verdade, grita, berra para que nós, sociedade, percebamos que ele está se mobilizando à violência. E é justamente esses sinais que o Ministério Público tenta transportar para um guia de prevenção à violência extrema, que nós lançaremos nesta segunda-feira (16) e que estará disponível no nosso site — destaca.