Aos 48 dias de investigação, autoridades de segurança pública do Estado de São Paulo não conseguem avançar no esclarecimento do que aconteceu à atriz gaúcha Maidê Mahl. A modelo, natural de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, continua hospitalizada e sem condições de ser ouvida no inquérito. Nesta semana, seu testemunho foi novamente adiado.
Contudo, a Secretaria da Segurança Pública paulista assegura que tem mantido total atenção aos procedimentos acerca do caso. Maidê foi resgatada em 5 de setembro, depois de passar três dias sem contato com familiares e amigos. Neste período ela teria estado recolhida, supostamente por inciativa própria, no 15º andar de um hotel no centro paulistano.
"As investigações seguem em andamento por meio de inquérito policial instaurado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Devido ao estado de saúde da vítima, que segue internada, sua oitiva foi adiada. Demais diligências prosseguem para o esclarecimento dos fatos", aponta a SSP-SP, por nota remetida a pedido da reportagem de Zero Hora.
No início de outubro, aos 30 dias de investigação, a tentativa de ouvir Maidê já havia sido frustrada. Ela então acabara de deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Desde 3 de outubro, a atriz tem seu tratamento realizado em leito de internação convencional. Porém, segundo as autoridades, ela ainda não está em condição de prestar depoimento.
A investigação, que é conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), possui diversas perícias em produção. A Polícia Civil planeja confrontar estas evidências científicas com o relato de Maidê.
Nesta terça-feira (22), a instituição hospitalar confirmou, em nota, que o estado clínico permanece inalterado, considerado delicado, embora estável. A gaúcha é acompanhada pela mãe e por amigos e colegas com quem convive na capital paulista.
Relembre o caso
Maidê mora e trabalha em São Paulo desde 2017. Mantém carreira como atriz e modelo. De acordo com a investigação policial, saiu de seu apartamento, situado no bairro Moema, por volta de 16h do dia 2 de setembro. Entrou em um mercado e comprou três caixinhas de água de coco. Pagou em dinheiro.
Dali, chamou transporte por aplicativo e dirigiu-se a um tabelionato no bairro da Liberdade. Contratou o reconhecimento de sua assinatura em um documento, cujo teor ainda é desconhecido, e rumou ao hotel, novamente em deslocamento por app, por volta de 16h40min.
O check-in no hotel ocorreu por volta de 17h30min. Maidê entrou no quarto e não interagiu com ninguém, nem mesmo para pedir serviços de alimentação, higienização ou arrumação do dormitório.
Estranhando a ausência, amigos comunicaram o desaparecimento à polícia. Os investigadores rastrearam os deslocamentos por meio de registros da companhia de transporte e por checagem de imagens de câmeras públicas e privadas.
Maidê foi achada caída, com o corpo inerte, parcialmente escorado contra a porta do quarto onde estava hospedada. Conforme a polícia, não havia indicativo de violência, nem uso de substâncias tóxicas, além de uma medicação para a qual havia prescrição médica. A atriz teria consumido apenas a água de coco que levou consigo.
O trabalho da Polícia Civil e da Polícia Científica, a partir da localização de Maidê, tem sido discreto. Autoridades evitam divulgar dados relacionados à apuração. Um inquérito aberto em 13 de setembro, que apura o suposto crime de lesão corporal, reúne depoimentos e que serão analisados em conjunto com uma lista de perícias solicitadas pelas autoridades.