O delegado responsável por investigar o caso da sobrinha que levou cadáver do tio para pegar um empréstimo de R$ 17 mil em banco do Rio de Janeiro diz ter certeza de que Érika Souza sabia que Paulo Roberto Braga já estava morto quando eles chegaram à agência. A afirmação consta na conclusão do relatório enviado por Fabio Luiz Souza ao Ministério Público nesta terça-feira (30), de acordo com informações do g1.
O fato veio a público no dia 16 de abril, a partir de um vídeo que mostra a mulher tentando liberar um empréstimo com o idoso já morto, em uma cadeira de rodas.
"Não há dúvidas que Érika sabia da morte de Paulo, mas, como era a última chance de retirar o dinheiro do empréstimo, entrou com o cadáver no banco, simulou por vários minutos que ele estava vivo, chegando a fingir dar água, pegou a caneta e segurou com sua mão junto a mão do cadáver de Paulo, contudo, como os funcionários do banco não dispersaram a atenção, não pôde fazer a assinatura", escreveu ele.
Érika agora também é investigada pelo crime de homicídio culposo (quando não há a intenção da matar) porque, conforme a investigação, ela levou o tio ao shopping onde fica o banco em "situação gritante de perigo de vida". Ao não levá-lo de volta à UPA, onde ele havia ficado internado, a sobrinha também teria cometido grave "omissão de socorro". Ela já havia sido presa preventivamente em Bangu e era investigada por vilipêndio de cadáver e tentativa de furto mediante fraude.
"Considerando que, no dia 16/4/2024, certamente percebendo que Paulo estava em situação gritante de perigo de vida, o que pode ser vislumbrado pelas declarações de todas as testemunhas que tiveram contato com a vítima, ao invés de ir novamente ao hospital ela se dirigiu ao shopping, configurando uma gritante omissão de socorro, determino; proceda-se a novo registro de ocorrência para apurar o delito de homicídio culposo", afirmou o delegado em seu despacho, obtido pela TV Globo.
O g1 tentou contato com a defesa de Érika, mas não obteve retorno. Em declarações anteriores, foi alegado que ela não sabia da morte do tio e teria problemas de saúde mental.
Novas provas
Fabio Luiz Souza ainda cita novas provas para incluir o crime de homicídio nas investigações. Dois depoimentos revelaram que, anteriormente, Érika tentou conseguir o dinheiro do tio por meio de uma conta própria, chegando a ir até a agência sem ele para sacar o valor, mesmo sabendo que precisaria de Paulo para assinar.
O delegado reforça que fica "claro" que Paulo "já era cadáver quando Érika o levou à agência e, principalmente, que ela sabia de tal fato, pois ele está com a cabeça caída e sem qualquer movimento, porém, logo antes de entrar ela o segura pelo pescoço para que fique com a cabeça erguida, simulando uma pessoa viva", diz na conclusão do relatório do inquérito.
Quando Paulo morreu?
Não se sabe exatamente em que momento Paulo morreu porque o laudo é inconclusivo. Para o delegado, "se de fato Paulo chegou com vida ao shopping, sua morte foi logo após, pois em imagens do próprio estabelecimento é possível ver sua cabeça caída para trás com a boca aberta, assim como no trajeto até o banco, tudo presenciado por testemunhas que estavam no local e tiveram contato visual com Paulo sempre imóvel, com a cabeça caída, imagem idêntica a vista dentro do banco".