Com o braço enfaixado, José Alves da Silveira, 55 anos, relata que aguarda há cinco dias no Hospital Regional do Vale do Rio Pardo, em Rio Pardo, por uma transferência que, nas suas palavras, possibilitará realizar a cirurgia que necessita para recuperar os movimentos no braço. O homem, que trabalha em uma fábrica de calçados em Passo do Sobrado, também no Vale do Rio Pardo, foi atacado a golpes de facão por um ex-funcionário na última quarta-feira (13) - o caso foi atendido pela Brigada Militar e é investigado pela Polícia Civil.
A vítima é o encarregado da fábrica e relata que havia demitido o agressor. Segundo José, no dia do ocorrido, o ex-funcionário, de 16 anos, teria ido à fábrica cobrar valores que teria a receber. José diz que explicou para o rapaz que, por não ser dia de pagamento, não podia pagá-lo. O adolescente teria ficado inconformado e, após agredir a vítima, teria saído do prédio para buscar um facão.
— Ele me deu uma cabeçada e saiu da fábrica, então fui atrás dele. Foi aí que vi que ele tinha pego um facão. Ele tentou acertar meu pescoço, mas me defendi com o braço, que foi ferido — conta José.
O golpe causou um ferimento grave no braço, que ameaça os movimentos da mão e dos dedos de José. Após receber os primeiros socorros em Venâncio Aires - município vizinho a Passo do Sobrado - ele foi internado no dia seguinte no Hospital Regional do Vale do Rio Pardo, onde permanece na noite desta segunda-feira (18). Lá, ele passou por procedimentos de limpeza do ferimento, que foi fechado.
— Hoje o osso não esta mais exposto porque eles fecharam a pele. Mas os tendões e os nervos ainda estão cortados — diz o paciente, que não sente mais a mão.
José Alves da Silveira relata que, para possibilitar o movimento da mão e dos dedos novamente, é necessário um procedimento avançado, que não pode ser feito no hospital de Rio Pardo. Segundo ele, a equipe médica informou a ele na quinta-feira (14) que fez um pedido de transferência para um hospital de referência, para poder fazer a cirurgia necessária. Contudo, faltariam vagas para tanto.
— Tenho medo, porque quanto mais tempo passa, menos tenho chance de recuperar os movimentos. Foi o que os médicos me disseram — lamenta o paciente.
Contraponto
O Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul, é responsável pela gestão do Hospital Regional de Rio Pardo. Em nota divulgada na segunda-feira (18), a assessoria de imprensa do Ana Nery informou que o paciente está aguardando vaga no Sistema de Regulação de Leitos, que é gerido pelo Estado.
Já a Secretaria Estadual de Saúde respondeu que obteria mais informações sobre o caso nesta terça-feira (19).
A reportagem também entrou em contato com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre - para onde o paciente deveria ser transferido a fim de realizar o procedimento. Essa respondeu, contudo, que o nome de José Alves da Silveira não consta no sistema.
Já nesta terça-feira (19), a equipe de comunicação do Hospital Ana Nery informou que a cirurgia de reconstrução dos nervos e tendões, originalmente programada para ser realizada em um hospital de referência, foi dividida em duas etapas. A primeira, de complexidade moderada, abrange a reconstrução dos tendões e ocorrerá em Rio Pardo.
A segunda, de alta complexidade, destinada ao reparo dos nervos, será conduzida em um hospital de referência na Capital. Por enquanto, não há data marcada para os procedimentos.
Também nesta terça-feira (19), a assessoria do Ana Nery argumentou que o nome de José não estava no sistema de transferência de leitos - conforme informado pela SMS - porque é necessário ter concluído a primeira etapa no hospital de Rio Pardo para então ser incluído. Ainda segundo a comunicação do hospital, a equipe administrativa está em constante contato com a equipe médica para agilizar esse procedimento.
Por parte da Secretaria Estadual de Saúde, não houve atualizações sobre o caso nesta terça-feira (19).
Produção: Camila Mendes