Uma reviravolta ocorreu nos últimos momentos do júri que trata do assassinato de três pessoas da mesma família, em janeiro de 2020, no bairro Lami. Em sua última fala, pouco antes da votação por parte dos jurados, o advogado dos réus pediu que mãe e filho sejam condenados. O criminalista Cristiano Rosa argumentou que o objetivo é não tornar o "fardo ainda mais pesado" para Dionatha Bitencourt Vidaletti, acusado pelas três mortes.
A mãe dele também passa pelo júri, e responde por disparo de arma de fogo, dado em direção ao céu.
As mortes ocorreram em uma discussão após um acidente de trânsito. As vítimas foram Rafael Zanetti Silva, sua esposa, Fabiana da Silveira Innocente Silva, e o primogênito do casal, Gabriel.
No último momento antes da votação dos jurados, o advogado dos réus começou sua fala, na tréplica. Ele se dirigiu as sete juradas pedindo pela condenação dos réus no caso.
— Eu peço, não tornem esse fardo mais pesado, para o Vidaletti, do que já é. Só peço (que seja mantido o) quesito da violenta emoção, para que a juíza possa aplicar uma pena justa — disse Rosa, no intuito de reduzir a pena do réu.
O criminalista disse que a decisão foi tomada na segunda-feira (11) à noite, após o primeiro dia do júri.
Até então, o advogado defendia a tese de legítima defesa, afirmando que o réu agiu porque a mãe estaria sendo agredida pelas vítimas. Em suas falas recentes, disse que Vidaletti não matou por raiva ou ódio, mas "na intenção de proteger sua mãe, pois interpretou que ela teve a vida colocada sob ameaça naquele momento".
Mais cedo, ele pontuou que o réu está preso desde a época do crime, mencionando que já foi responsabilizado pelo crime.
— Antes que tenhamos uma decisão, é necessário que saibamos o que as pessoas que serão punidas terão que passar: a ida para um sistema punitivo falido, arcaico. Acredito que o Dionatha já foi penalizado. Vocês imaginem, ele tinha a vida dele, a mãe dele, amizades, trabalhava. Tinha uma vida normal e está aqui por não controlar uma emoção, pelo corpo dele reagir ao que via.
Disse ainda que a decisão é de conhecimento dos réus.
— Não podemos brincar com a vida das pessoas, porque aqui a gente não tá falando em ir lá e ficar em lugar fechado por 10 dias, 10 meses, a gente tá falando em décadas. E o que eu estou pedindo aqui é para ele ficar preso, para ele ser condenado. Eu, o advogado do réu, conversei com ele, disse: "se houver excesso, tu vai pagar". Quantas vezes a dona Neuza, emocionada, com a sua dor de mãe disse que queria pelo justo?
Após a fala, os jurados iniciaram a votação dos quesitos. A previsão é que o júri acabe nesta terça, por volta das 20h.