A polícia segue tentando detalhar o assassinato de um sargento do Exército em Porto Alegre na última sexta-feira (14). O terceiro-sargento Thalys Gonçalves Rocha, 23 anos, foi encontrado morto, com o corpo carbonizado, em um veículo incendiado na Zona Sul. Um suspeito de envolvimento no crime, que seria amigo do jovem e frequentava a mesma igreja que ele, foi detido e teve prisão preventiva decretada no fim de semana.
O veículo, um Fiesta preto, foi encontrado ainda incendiando, na Estrada Francisca de Oliveira Vieira, próximo à Avenida Edgar Pires de Castro, no bairro Belém Novo. Dentro do carro estava o corpo do militar. Somente a perícia, no entanto, poderá apontar a causa da morte. A polícia aguarda o recebimento do laudo de necropsia.
— O corpo foi muito carbonizado. Por isso, não podemos dizer nada de maneira assertiva sobre a causa da morte — explica o delegado Marcus Viafore, da 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital.
O carro no qual estava o militar havia sido comprado por ele havia algum tempo, embora ainda não estivesse em seu nome. Logo após a descoberta do crime, a polícia passou a ouvir pessoas próximas a Thalys.
Um suspeito de envolvimento no crime foi preso em flagrante, e teve a prisão convertida em preventiva ainda no fim de semana. O homem, que não teve o nome divulgado e não tinha antecedentes criminais, também foi submetido à exame, já que teria queimado em uma das mãos.
Segundo a polícia, o preso foi atendido pela Defensoria Pública do Estado, e decidiu permanecer em silêncio. O homem, segundo a polícia, teria tentado apresentar um álibi de que estaria trabalhando naquela noite.
O suspeito é ex-namorado da companheira do sargento e mantinha relação de amizade com a vítima havia anos. Os dois teriam se desentendido após Thalys começar o relacionamento com a mulher, o que aconteceu havia cerca de seis meses. Mas os dois estariam tentando retomar a amizade.
Na noite em que foi visto pela última vez com vida, o jovem teria ido se encontrar com o suspeito, já que frequentavam a mesma igreja. O homem teria chamado o sargento para rezarem juntos e teria assassinado o militar. A principal suspeita é a de que ele não aceitava a relação do jovem com a ex-namorada dele. Ainda não é possível afirmar se o crime aconteceu no mesmo local onde foi encontrado o veículo ou se o carro foi abandonado naquela região.
O homem preso trabalhava nas proximidades de onde o corpo da vítima foi encontrado, como entregador numa distribuidora de gás. Segundo a polícia, não foi apreendida nenhuma arma com o suspeito do crime. Os investigadores continuam ouvindo pessoas próximas de Thalys, e apura ainda se há participação de outras pessoas no assassinato do sargento.
— É uma das linhas de investigação — diz o delegado, sem fornecer mais detalhes da apuração.
A polícia também solicitou análises no veículo para tentar localizar algum vestígio. Em razão da prisão do suspeito, a polícia tem prazo de 10 dias para concluir o inquérito.
Despedida
Nascido em 26 de setembro de 1999, Thalys era morador da zona sul da Capital. Na mesma região da cidade ele integrava o contingente do 8º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, no bairro Serraria. O jovem ingressou no Exército em 1º de março de 2018.
Após a morte de Thalys, o 8º Esquadrão divulgou nota de pesar, onde afirma que em conjunto com o Comando Militar do Sul e a 3ª Região Militar "tem prestado todo suporte psicológico e espiritual à família do militar".
Após a publicação, colegas e amigos do militar comentaram no post descrevendo Thalys como "bom, honesto, trabalhador e disciplinado".
GZH entrou em contato com parentes de Thalys, que informaram que a família não pretende se manifestar neste momento.