A Polícia Civil de Porto Alegre localizou na tarde desta terça-feira (25), no bairro Belém Velho, um corpo abandonado sem a cabeça. O cadáver do sexo masculino foi encontrado enrolado em um cobertor, em estado avançado de decomposição, próximo à margem da Estrada Antônio Borges. As investigações irão apurar a eventual relação com a cabeça deixada na última sexta-feira (21) sobre a calçada da Avenida Moab Caldas, na Vila Cruzeiro. Exames de DNA foram solicitados para confirmar ou descartar a ligação.
Conforme a delegada Clarissa Demartini, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) da Capital, o chamado sobre o encontro dos restos mortais foi realizado anonimamente por volta das 16h desta terça. Ao chegarem ao local, uma área afastada, porém povoada do extremo sul da Capital, os policiais visualizaram um corpo semicoberto por uma espécie de manta. Até então não havia aparente conexão com a investigação sobre o crânio, que transcorre na área da 6ª DPHPP.
— Em primeiro momento não era possível termos certeza, pois além de estar parcialmente encoberto, o cadáver estava em uma área com vegetação alta. Contudo, a perícia preliminar apontou tratar-se de um corpo masculino sem a cabeça, o que nos conduz para uma possível conexão com o caso da semana passada — indica a delegada.
O fato que havia sido registrado na última sexta (21), na Vila Cruzeiro, reascendeu a suspeita das autoridades sobre o agravamento de conflitos, relacionados com a disputas por territórios e poder, entre facções criminosas atuantes na Capital.
Conforme o titular da 6ª DPHPP, delegado Thiago Carrijo, o cenário para os recentes fatos seria o acirramento no desentendimento entre duas facções, uma delas com integrantes estabelecidos na Vila Cruzeiro, na Zona Sul, e a outra com base na Lomba do Pinheiro, na Zona Leste.
— Os indícios colhidos até agora dão conta de que pode se tratar de um homem com antecedentes, que foi arrebatado (retirado a força, no jargão policial) no dia 16 da Vila Cruzeiro. Este indivíduo teria passado por sessão de tortura e interrogatório pelos rivais, da Lomba do Pinheiro. Exames de necropsia e a eventual confirmação de compatibilidade genética com o cadáver encontrado no Belém velho poderão apontar como ocorreu a morte e a decapitação — descreve Carrijo.
O delegado afirma, ainda, que a relação com outros crimes ocorridos recentemente nas duas áreas da cidade permanece sob apuração do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Duas pessoas estão presas por suspeita de participação no caso da cabeça
Ainda na sexta-feira (21), a Polícia Civil prendeu um taxista de 70 anos e uma mulher que tem sua identidade e idade mantidas em sigilo sob a suspeita de que tenham participado da condução e abandono da cabeça na Vila Cruzeiro, a mando do grupo da Lomba do Pinheiro.
A dupla foi identificada a partir de imagens registradas por câmeras de videomonitoramento. Em depoimento, segundo o delegado Thiago Carrijo, o taxista afirmou que não sabia do conteúdo transportado por dois passageiros, que admitiu ter conduzido em seu táxi, no itinerário que teria culminado com o abandono da cabeça na via pública.
Já a mulher foi detida, na região da Lomba do Pinheiro, em um veículo que seria de sua propriedade. De acordo com Carrijo, ela teria porções fracionadas de droga consigo e é considerada suspeita de integrar facção que comanda o tráfico de entorpecentes naquela área da Capital. Na tomada de depoimento, segundo o delegado, a suspeita optou pelo silêncio.
Os dois veículos estão apreendidos e passarão por perícias. Os delegados do DHPP fazem buscas por câmeras que podem ter registrado imagens compatíveis com potenciais rotas utilizadas no transporte dos restos mortais relacionados à investigação, desde sexta passada até a tarde desta terça.