O crime de homicídio teve crescimento no mês de abril no Rio Grande do Sul, na comparação com o mesmo período em 2022. Outros dois crimes violentos, feminicídios e latrocínios, tiveram queda no mesmo período. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (9) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
No caso dos homicídios, o número subiu de 123, em abril do ano passado, para 137 neste ano, um aumento de 11,4% no Estado. Considerando apenas os números de Porto Alegre, o crime teve queda de 7,7%, recuando de 26 para 24 nos mesmos períodos.
Para o combate aos homicídios, o governo do Estado destaca que quase mil servidores ingressaram, em abril, em cargos na área da segurança pública. Além disso, o Executivo ressalta o trabalho das polícias, como investigações e operações, no enfrentamento às mortes violentas. Uma dessas ações foi a Operação Cerco Fechado, que reuniu mais de 6,2 mil policiais civis e militares numa ofensiva contra a criminalidade, e resultou em mais de 300 prisões no Estado, em menos de 24 horas, no final de abril.
— A maioria dos homicídios que vemos são motivados por conflitos entre grupos criminosos que atuam no tráfico de drogas. Tivemos aumento de mortes em algumas cidades, como Santa Maria, o que repercutiu no número geral do Estado. Em outros locais, como em Porto Alegre, que apresentava aumento do crime desde a metade de ano passado, tivemos redução, por meio de ações das equipes de segurança. Vamos direcionar esse trabalho agora para demais localidades e manter o viés de queda — explica o secretário da Segurança Pública do Estado, Sandro Caron.
Crime de gênero tem marca histórica para o mês
Os indicadores de feminicídio registraram o menor número da série histórica para o mês de abril no Rio Grande do Sul, igualando a marca de 2012, quando o crime passou a ser computado no balanço. No último mês, foram cinco casos, contra 10 em igual período de 2022, totalizando queda de 50%.
No acumulado de janeiro a abril, a redução foi de 23,7%: foram 29 ocorrências contra 38 no mesmo período do ano passado.
O combate a violência contra a mulher é considerado um dos "maiores desafios" para o governo do Estado. As forças de segurança reforçam a necessidade de as vítimas procurarem ajuda e denunciarem seus agressores. Pessoas próximas a essas mulheres também podem ajudar, comunicando as polícias sobre os casos.
Para isso, podem ser usados o telefone 190, para casos de emergência, e os canais de denúncia 181 da SSP e 197 da Polícia Civil. Há ainda a Delegacia Online da Mulher, para atendimento exclusivo às vítimas de violência.
Uma das iniciativas para o atendimento às vítimas no Estado é a Sala das Margaridas, onde as mulheres são recebidas em espaço reservado e incentivadas a sair do ciclo da violência. Hoje, 73 municípios do RS contam com este atendimento.
Roubo com morte em declínio
Em abril, os indicadores de latrocínio também diminuíram 50% no Estado. No mês passado, foram registradas quatro ocorrências contra oito em abril de 2022.
Além disso, pela primeira vez, Porto Alegre fechou um mês de abril sem uma ocorrência deste crime.
O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, avalia que o empenho das equipes na elucidação dos casos contribui para a diminuição desses crimes. Segundo ele, os quatro casos ocorridos no mês passado foram elucidados e resultaram em prisões. Um dos casos, registrado em Maquiné, foi esclarecido em menos de 48 horas, segundo a polícia. Os outros latrocínios de abril ocorrerem em Tupanciretã, Encantado e Júlio de Castilhos.
— Com planejamento e reforço estrutural, a Polícia Civil vem concentrando cada vez mais esforços no enfrentamento à criminalidade. A elucidação ágil e eficaz dos crimes impacta diretamente na prisão dos envolvidos em um espaço curto de tempo — pontua Sodré.
O secretário Caron também comentou a redução de latrocínios e feminicídios. Segundo ele, a queda se deve, entre outros fatores, à integração das forças policiais e a investimentos que fortalecem os órgãos de segurança.
— A redução dos indicadores é fruto de uma série de ações adotadas pelo governo, que passam pelo aumento de efetivo até os investimentos realizados em tecnologia, equipamentos e infraestrutura. Vamos seguir atuando sempre de forma integrada no combate à criminalidade para garantir um aumento da sensação de segurança entre os gaúchos — afirma Caron.
Roubo de veículos em queda
No último mês de abril, o Estado computou 322 roubos de veículos, registrando a maior queda desde o início da série histórica iniciada em 2002. Este foi o mês de abril com menor número de roubos de veículos dos últimos 22 anos. A redução é de 3,6% na comparação com abril de 2022, quando ocorreram 334 casos.
Assim como no Estado, Porto Alegre também seguiu a tendência de queda, fechando o último mês com o menor indicador da série histórica para o período. Foram 124 ocorrências contra 127 em 2022, totalizando uma diminuição de 2,4%.
Já no acumulado de janeiro a abril, houve uma redução de 7,1% dos crimes no Estado, em comparação com o primeiro quadrimestre de 2022.
Para o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, o reforço no policiamento ostensivo e o planejamento pelas equipes contribuiu para a queda:
— Além de contar com aumento no efetivo, a Brigada Militar também atua diretamente na capacitação e qualificação dos PMs para fortalecer ainda mais o atendimento na ponta. Com ações estratégicas, intensificamos o policiamento ostensivo e reduzimos significativamente o roubo de veículos e demais crimes — analisa Feoli.
Demais crimes têm queda
Outro delito em queda no RS é o de roubo ao transporte coletivo. Em 2023, foram 153 casos, o que representa uma queda de 34,9% na comparação com os 235 registrados no mesmo período em 2022. Somente em abril deste ano, foram 29 ocorrências contra as 45 contabilizadas em igual período de 2022, uma redução de 35,6%.
Em abril, ainda foram registradas quatro ocorrências bancárias no RS, o que representa uma queda de 20% em comparação com o mesmo mês de 2022, quando foram contabilizados cinco episódios. De janeiro a abril deste ano, foram 12 casos no Estado, um aumento de 9% em relação ao mesmo período em 2022, que teve 11 registros.
O crime de abigeato também teve redução: foram 246 casos no mês passado contra 391 em igual período de 2022, resultando em uma queda de 37%. O total registrado em abril de 2023 também representa o menor índice no RS desde o início da série histórica, em 2010.