A Polícia Civil prendeu no fim da manhã desta sexta-feira (24), em Sapucaia do Sul, um suspeito de liderar uma quadrilha responsável por ataques a empresas no Vale do Sinos. O grupo, segundo investigado, oferecia um serviço ilegal de segurança privada, que supostamente protegeria os estabelecimentos de crimes.
Os que não aceitavam pagar pelo serviço, tornavam-se alvo de ameaças. Se as negativas persistissem, ataques aos locais eram planejados.
Somente em março houve dois ataques em Estância Velha, o mais recente no dia 15. Nos dois casos, revendas tiveram vidraças quebradas e dezenas de carros foram depredados. A polícia continua com a investigação e acredita que haja muitos casos, mas muitos não foram registrados por medo de represálias.
Uma equipe da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo cumpriu por volta de 11h o mandado de prisão preventiva em Sapucaia do Sul contra o suposto líder do grupo. Também foram cumpridos sete mandados de busca, dois deles nas casas do suspeito e da mãe dele, em busca de mais provas.
O titular da Draco, delegado Ayrton Martins Figueiredo Júnior, não divulga o nome do investigado no momento porque a apuração continua. Há outros cinco suspeitos identificados que devem ser responsabilizados em um inquérito policial sobre extorsão, dano ao patrimônio privado e associação criminosa. A análise dos materiais obtidos com a ação desta sexta-feira e com a quebra de sigilo de dados pode revelar novos ataques e novos investigados.
Modo de agir
Conforme Figueiredo Júnior, alguns comandados pelo suspeito detido nesta sexta-feira percorriam estabelecimentos comerciais, empresas e escritórios nos vales do Sinos e do Paranhana.
— Eles destacam que existem muitos crimes, uma disputa entre facções e que têm informações de que o grupo rival planeja ataques para, por exemplo, capitalizar a organização. Desta forma, oferecem uma suposta segurança, cobrando valores a partir de R$ 1 mil semanais, em média — relata o delegado.
Caso a combinação seja aceita, o grupo tem responsáveis pelo recolhimento de valores, conforme o período combinado. Embora a cobrança, em si, já seja criminosa, o foco da polícia, neste momento, é o que ocorre quando o empresário não aceita pagar pela suposta segurança.
De acordo com inquérito, quando isso ocorre, integrantes da quadrilha vão às empresas, à noite, quando os estabelecimentos estão fechados, e quebram grades e vidraças. É como se fosse um ultimato para as vítimas. Foi o que ocorreu nos ataques registrados em março, em Estância Velha.
O delegado Figueiredo Júnior acredita que tenham ocorrido dezenas de casos desde o ano passado, muitos não registrados porque as vítimas temem uma escalada dos ataques. O delegado pede que as pessoas registrem os ataques e ressalta que, ao fazer um único pagamento que seja, o empresário se torna refém do crime organizado.