A Polícia Civil registrou mais um caso do golpe realizado por meio de um aplicativo de relacionamento direcionado para a comunidade LGBT+, o Grindr, em Porto Alegre. Na ação, criminosos marcam encontro pela plataforma no objetivo de agredir e roubar as vítimas. No último caso que chegou ao conhecimento das autoridades, um homem foi rendido, amarrado e agredido por dois criminosos dentro da própria casa. A dupla ainda levou cerca de R$ 4 mil, roubados por meio de transferência bancária do celular da vítima. Este é o quinto caso do tipo registrado na Capital. Todos são investigados pela Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância.
O caso ocorreu no dia 1º, mas foi registrado junto a Polícia Civil na quarta-feira (7). Segundo a delegada Andrea Mattos, a vítima estaria muito abalada e com medo, por isso levou alguns dias para fazer o boletim.
Conforme relato do homem, que mora na região central da cidade, ele começou a conversar com um perfil de casal do Grindr, uma conta administrada por outros dois homens. Na sequência, um encontro foi marcado na casa da vítima, e os criminosos chegaram ao local por volta das 20h30min.
— Dentro da casa, antes de iniciarem qualquer contato, os suspeitos já começaram a se mostrar violentos, mostraram uma pistola e começaram a ameaçar a vítima. Ele foi amarrado com lacres de plástico e também passou a sofrer ofensas e ameaças de morte — disse Andrea.
Durante as agressões, a dupla obrigou o homem a fazer transferências bancárias pelo celular. Foram repassados valores de cerca de R$ 700 e depois de R$ 3 mil da vítima. Um notebook também foi levado.
O relato é semelhante aos outros quatro casos registrados nos últimos meses em Porto Alegre, todos feitos por vítimas do sexo masculino. GZH conversou com uma das vítimas, que também relatou uma ação bastante violenta, que contou com ofensas homofóbicas e ameaças de morte. Uma delas teve mais de R$ 11 mil levados pelos criminosos em 6 outubro e precisou de atendimento médico após a ação, em razão da violência das agressões sofridas. Em outras duas ações apuradas, os ladrões levaram cerca de R$ 10 mil de cada vítima.
Homens fizeram imagens da vítima
Além das agressões físicas e das ofensas sofridas, os criminosos também obrigaram a vítima a se despir e fizeram imagens dele nu. Ele estava amarrado e era ameaçado de morte durante toda a ação. Após as fotos feitas na sala, o homem foi arrastado pelos cabelos e levado até o quarto, onde mais imagens foram feitas.
A delegada acredita que as fotos foram feitas para humilhar o homem:
— Há essa questão de hostilizar a vítima, humilhar. Além do roubo, tem uma questão de preconceito, porque a orientação sexual das vítimas é mencionada, criticada nas ações.
Andrea afirma que as equipes trabalham para identificar os criminosos responsáveis pela ação. Ela acredita que mais pessoas possam ter envolvimentos nos ataques. A delegacia aguarda o resultado de algumas perícias e realiza diligências para esclarecer os casos.
A delegada acredita que a dupla tenha feito mais vítimas, que não procuraram a polícia por medo ou vergonha. Ela pede que essas pessoas procurem a delegacia e ressalta que, quanto antes o boletim policial é feito, maiores são as chances de obter provas da ação, como impressões digitais deixadas pelos criminosos.
Denúncias podem ser feitas, de forma anônima, por meio do WhatsApp da delegacia, pelo (51) 98595-5034.
Contraponto
GZH tentou contato com o aplicativo Grindr nesta quinta-feira (8), para contraponto, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.