
Dois homens que seriam os responsáveis por ordenar a série de ataques e homicídios registrados em Porto Alegre neste mês foram transferidos de presídios na quinta-feira (24). Conforme a Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS), os dois são líderes das duas facções criminosas envolvidas nas ações.
A dupla foi retirado da Cadeia Pública de Porto Alegre e levada para outras instituições do Estado — os locais não foram divulgados, como medida de segurança. A pasta afirmou ainda que a necessidade de novas transferências ainda é analisada pelos setores de inteligência.
A troca de local foi feita pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), por meio do Grupo de Ações Especiais (Gaes).
Segundo a investigação, a motivação para a onda de ataques seria uma dívida de tráfico de drogas entre uma facção que atua na Vila Cruzeiro, na zona sul da Capital, e outra que tem origem no Vale do Sinos.
Até o momento, a série de ações soma 11 mortes em nove dias em Porto Alegre — apenas uma das pessoas vitimadas não tinha nenhum indiciamento por crimes, segundo a polícia. Ao menos oito suspeitos foram presos e dois menores de idade, apreendidos.
Objetivo é isolar criminosos
De acordo com a diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, delegada Vanessa Pitrez, o objetivo da transferência é afastar os presos de seus grupos, enfraquecendo as facções.
— Nós estamos cortando essa comunicação, fazendo com que eles não fiquem mais recolhidos nos mesmos locais em que estão os demais membros das facções. Essa restrição é interna, cortando o convívio entre os apenados, e externa, com a rua, o que acaba retirando a força da facção — explica.
Troca teve "intenso trabalho de logística"
De acordo com a Susepe, após o recebimento dos relatórios da inteligência da Polícia Civil, a instituição solicitou ao Judiciário autorização para fazer a mudança entre os presídios e o "isolamento telefônico dos apenados envolvidos". A operação foi feita sob sigilo e "envolveu um intenso trabalho de logística".
"A intervenção é o resultado do esforço de todas as forças de segurança do RS Seguro, que, em reunião no início do mês, programaram a ação. Assim, cumprimos nosso papel de oferecer à sociedade gaúcha mais segurança", afirmou o titular da SJSPS, Mauro Hauschild, em nota.
O superintendente dos Serviços Penitenciários, José Giovani Rodrigues de Souza, destacou que "o sucesso da operação demonstra a importância da articulação entre os atores que integram a segurança pública. Segundo ele, "a Susepe sempre mantém contato com o setor de inteligência de outros órgãos da segurança para o planejamento das ações conjuntas no sistema prisional gaúcho".