
A polêmica envolvendo a nomeação do ex-detento Lacir Moraes Ramos para um cargo no governo do Estado teve um novo capítulo nesta segunda-feira (18). O Palácio Piratini tornou sem efeito a nomeação anterior — para a Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo - e fez nova designação — para a Secretaria do Trabalho, Emprego e Renda.
GZH apurou que Lacir vai atuar na Divisão de Qualificação Profissional do Departamento de Trabalho da pasta, sendo interlocutor entre um programa de qualificação e os apenados. O salário será de R$ 1.347.
Ou seja, Lacir vai seguir na área em que tem serviços reconhecidos há mais de 30 anos: na ressocialização e reinserção social de egressos do sistema.
— Ele vai trabalhar no sentido de convencê-los de que a ociosidade na cadeia é ruim. Que precisam de uma qualificação para que, ao voltarem ao convívio social, tenham uma profissão para sustentarem a si próprios e a famílias, e que entendam que o crime não compensa — explicou o secretário estadual do Trabalho, Ronaldo Nogueira.
Sobre toda a polêmica, Nogueira — que é pastor da Assembleia de Deus, mas não exerce a atividade atualmente — disse:
— Não convidei o Lacir para trabalhar, ele pediu uma oportunidade e entendi que ele seria a pessoa certa para convencer apenados a frequentarem os cursos de qualificação que faremos para egressos do sistema prisional, numa ação conjunta entre as secretarias do Trabalho e de Justiça.
Nogueira também esclareceu que o ex-detento não é pastor da Assembleia de Deus, embora seja chamado assim dentro do sistema prisional.
Por meio de sua assessoria, o Executivo estadual informou nesta segunda-feira que sempre esteve claro que Lacir atuaria na pasta do Trabalho e não na de Justiça, que cuida do sistema prisional e que foi o principal fator para a reação negativa do sindicato dos servidores penitenciários. O governo diz ter esclarecido o assunto em nota oficial emitida logo depois das primeiras reações à nomeação do ex-detento, publicada no Diário Oficial em 8 de outubro.
Ainda assim, por 10 dias, o sindicato falou publicamente do caso e até levou o assunto para análise em uma reunião com o comando da Secretaria de Justiça e Sistemas Penal de Socioeducativo. Nesse período, o secretário Nogueira, responsável pela indicação do ex-detento, disse a GZH que, com as repercussões, a contratação de Lacir estava em análise pelo "conjunto do governo".
Assim como houve reações negativas, autoridades do sistema prisional também se mobilizaram para defender a indicação de Lacir.