
A maior parte dos presos encaminhados para penitenciárias federais nas operações Pulso Firme e Império da Lei I permanece fora do Rio Grande do Sul. Desencadeadas em julho de 2017 e em março de 2020, essas foram as primeiras ofensivas de envio em massa de lideranças para outros Estados, como forma de tentar sufocar o crime. Na manhã desta segunda-feira (09), na segunda fase da ação realizada no início deste ano, mais nove detentos foram transferidos para unidades de segurança máxima.
GZH mapeou a situação dos 45 presos transferidos nas duas operações, por meio de informações de consulta processual, disponibilizadas no site do Tribunal de Justiça do RS, e do contato com a defesa dos apenados. Desses, 31 constam como isolados em unidades federais, 13 estão detidos novamente no Estado e um regressou ao sistema prisional gaúcho, mas foi enviado outra vez para uma penitenciária federal nesta segunda-feira. Este número não representa o total de apenados do RS em casas prisionais da União, já que criminosos são encaminhados também em ações isoladas.
Dos transferidos que permanecem fora do RS, 17 deles foram enviados em março deste ano durante a primeira fase da Império da Lei e estão há oito meses longe do Estado. Desse grupo, somente um preso retornou quatro meses depois do envio, em julho.
Cristian dos Santos Ferreira, o Nego Cris, 36 anos, está atualmente na Penitenciária Estadual Modulada de Charqueadas. Preso em 2012, em um sítio na área rural de Taquara, no Vale do Paranhana, possui 38 anos e 10 meses de condenação, e já cumpriu seis anos. Do outro lado, entre a maioria que não retornou, estão presos como Émerson Alex dos Santos Vieira, o Romarinho, réu pelo assassinato de um casal e uma bebê há dois anos na zona norte de Porto Alegre.
Se a ampla maioria atingida pela Império da Lei segue isolada, em relação à Operação Pulso Firme, realizada em 28 de julho de 2017, o cenário é um pouco diferente. Dos 27 criminosos transferidos naquele período, 14 permanecem fora do Estado e 13 conseguiram regressar - um deles foi enviado novamente na operação desta segunda-feira.
Entre os que criminosos retornaram ao RS, por meio de decisões judiciais, após a Pulso Firme, está Tiago Benhur Flores Pereira, o Benhur, considerado líder de uma facção do Vale do Sinos, atuação em todo RS. Com 175 anos e dois meses de condenações, já cumpriu 17 anos e quatro meses, e segue encarcerado na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Outro apenado que também havia sido enviado para penitenciária federal, mas voltou três meses depois foi Fabrício Santos da Silva, o Nenê. Apontado como outra liderança do mesmo grupo, Nenê chegou a ser considerado foragido, foi recapturado no Paraguai há quase três meses, e nesta segunda-feira embarcou novamente para uma unidade federal, na Império da Lei II. O destino dos detentos não foi informado.
Balanço
GZH contatou a Secretaria da Administração Penitenciária para saber a situação dos 45 presos transferidos nas duas operações e foi informada que seria possível realizar a verificação por meio do número do Processo de Execução Penal (PEC) de cada apenado. A consulta foi realizada pelo site do Tribunal de Justiça do RS. GZH também entrou em contato com a defesa de parte dos apenados.
Pulso Firme
- 28 de julho de 2017
- 27 transferidos
- 14 seguem isolados
- 12 regressaram ao RS
- 1 voltou e foi enviado novamente na Império da Lei II
Império da Lei I
- 3 de março de 2020
- 18 transferidos
- 17 seguem isolados
- 1 regressou ao RS
Império da Lei II
- 9 de novembro de 2020
- 9 transferidos
Fontes: Consulta processual (Vara de Execuções Criminais) do Tribunal de Justiça do RS e contato com a defesa dos presos.