Marciele Renata dos Santos Alves, 28 anos, é a quinta policial morta em serviço no ano de 2019 no Rio Grande do Sul. Ela foi atropelada durante confronto com quadrilha suspeita de roubo de veículos na cidade de Sério, no Vale do Taquari. De acordo com o comandante-geral da Brigada Militar, Rodrigo Mohr Picon, isso não tem relação com falta de condições apresentadas para o trabalho.
— O nosso policial tem, sim, as condições para o trabalho. Tem colete, tem armas. Mas as ocorrências são diferenciadas. Muitas vezes, o próprio treinamento, nosso policial é treinado, mas tem circunstâncias que fogem às vezes da possibilidade de uma reação ou de uma condição técnica. É muito fácil, depois do fato ocorrido, com vídeo, analisar. Na realidade, na nossa profissão, não há como ter uma segurança completa, por mais técnica que a gente possa utilizar. Infelizmente, esse é o grande risco da nossa profissão — afirmou o comandante-geral da BM em entrevista ao GaúchaZH 19h, na noite desta segunda-feira (19).
Mohr Picon lembrou outras quatro mortes de policiais em ação no ano de 2019. Em 25 de abril, Fabiano Lunkes, 34 anos, foi atingido por um disparo de fuzil ao enfrentar uma quadrilha que roubou um banco. No dia 27 de junho, Marcelo de Fraga Feijó, 30 anos, e Rodrigo de Silva Seixas, 32, foram baleados ao fazerem uma abordagem de rotina em um ponto de drogas na Rua Paulino Azurenha, bairro Partenon, Porto Alegre. No dia 10 de julho, Gustavo de Azevedo Barbosa Júnior, 26 anos, foi morto no banco de trás de uma viatura ao perseguir um carro roubado na praça Guia Lopes, bairro Teresópolis, Porto Alegre.
Marciele, a quinta vítima da corporação neste ano, tinha sete anos de Brigada Militar e era filha de um sargento. Conforme o comandante regional do Vale do Taquari, uma quadrilha roubou uma Hilux em Venâncio Aires por volta das 12h. O grupo era observado pela polícia e foi localizado pelas autoridades perto da cidade de Sério, onde um cerco foi feito.
Na ação, a policial foi atropelada pela quadrilha e não resistiu aos ferimentos. Dois assaltantes foram mortos no local. Um ficou ferido e foi preso, segundo o coronel. A ocorrência está em andamento, e a BM tenta capturar demais criminosos no cerco.
Para Rodrigo Mohr Picon, é sempre necessário estar preparado para reações violentas dos criminosos.
— Tem cinco policiais que perderam a vida no confronto, na medida em que tentaram fazer prisões, perseguição de criminosos, isso pode causar esse tipo de reação. Mas muito tem a ver com a nossa postura dos nossos policiais de realmente tentar fazer a prisão e ir para cima dos criminosos. Nesse ponto, a gente acaba também colocando em risco a sua vida, a vida dos nossos policiais. A criminalidade de alguma forma sempre foi violenta, sempre houve esse tipo de fato. No momento em que a gente começa a trabalhar forte com isso, tem uma reação também forte, e precisamos estar preparados —declarou o comandante-geral.