
A ação criminosa que pôs fim à vida de Neri de Moraes, 69 anos, no bairro Cristal, em plena manhã da última quinta-feira (26), seria represália de uma facção. Um ano antes, o idoso havia sido baleado em tentativa de homicídio. O motivo de ambos os ataques, segundo o delegado Newton Martins de Souza Filho, seria a posição contrária do idoso em relação ao tráfico de drogas da região.
Neri vivia no bairro há cerca de 30 anos, era casado e deixa filhos e netos. Ele também cuidava de uma criança com necessidades especiais, segundo informações de pessoas próximas.

O idoso trabalhava com recicláveis em um ferro velho nas proximidades do cruzamento entre as ruas Doutor Campos Velho e Jataí, onde foi alvo da emboscada e executado enquanto dirigia uma van utilizada para o serviço.
Diversos vizinhos informaram à reportagem que Neri era figura conhecida na região, devido ao seu trabalho envolvendo a compra e venda de materiais recicláveis, entre outros itens, como peças de carros.
— Temos a informação de que ele já tinha sido vítima de outro ataque, em setembro do ano passado. Ele morava há muito tempo no local e era uma pessoa bem conhecida. Ele sempre teve uma postura contrária (ao tráfico) — explica o delegado, que é titular da 6ª Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (6ª DHPP).
Na ocasião do ataque de 2018, Neri foi baleado no ombro, segundo a polícia. Em alguns momentos, explica o delegado, o idoso chegou a andar armado, temendo novas represálias.
Apego aos netos
Segundo um familiar, que pediu para não ser identificado, Neri era extremamente próximo dos filhos e netos. Os pequenos ficaram chocados com a morte do avô, relata o parente.
A preocupação com os pequenos foi justamente a motivação de Neri para criticar a violência e a falta de segurança do bairro no qual criou seus filhos.
— Ele era bem popular e não aceitava (o tráfico). Falava direto com eles (criminosos), que estavam trazendo violência para as crianças — explica.
Um dos filhos do idoso foi procurado pela reportagem. Ainda abalado com o crime, preferiu não comentar o caso. Limitou-se a reiterar a lembrança das posições positivas de Neri junto à comunidade.
— Ele é um cara muito bom, muito bom para vizinhança, é só isso que tenho para dizer — disse.
A investigação está em andamento e ainda não há suspeitos de terem executado Neri.
Uma mulher foi ferida no ataque, mas o delegado não divulga nem o estado nem o local no qual ela está internada.