A Polícia Civil aposta em imagens de câmeras de segurança para esclarecer o assassinato do motorista do Uber Sidney Moreira, 41 anos, em Viamão, na Região Metropolitana. Ele foi encontrado morto a tiros no domingo (22) em uma via de chão batido e pouca movimentação, a Estrada Acrísio Prates, após ficar desaparecido desde a sexta-feira (20).
De acordo com a delegada Caroline Jacobs, na manhã desta segunda-feira (23), os policiais estão nas ruas à procura das câmeras e ainda não há certeza sobre a existência das imagens. Agentes também irão trabalhar para ouvir de maneira formal os familiares de Moreira, para ver se ele tinha algum desafeto. Em um primeiro momento, a hipótese de latrocínio — roubo com morte — é a que surge com mais força.
— Trabalhamos com a hipótese porque ele trabalhava com dinheiro e não foi encontrado cédulas e o celular, mas ainda é uma possibilidade, não conseguimos descartar outras linhas — resume a delegada.
A Delegacia de Homicídios também pediu à Uber o trajeto da última corrida feita por ele antes de seu desaparecimento. A polícia trabalha com a informação de que o aplicativo estava ativo no momento do crime.
Até o momento, não há suspeitos.
Segundo levantamento de GaúchaZH, este é o 13º motorista de aplicativo assassinado na Grande Porto Alegre desde 2016.
O crime
O motorista foi localizado morto por uma pessoa que passava pela estrada. O irmão do motorista reconheceu o corpo. O carro utilizado por Moreira — um Kwid branco — também foi encontrado neste domingo, na RS-040, em Viamão, a 16 quilômetros do local onde estava o cadáver. Uma análise preliminar do veículo não identificou marcas de sangue ou cápsulas de armas. Já no local onde foi encontrado o corpo havia sinais de violência e estojos de arma de fogo.
As buscas ao motorista foram iniciadas pela família ainda na madrugada. O irmão dele conta que teve acesso ao trajeto da viagem e, acompanhado de amigos da família, fez todo o percurso até encontrar o corpo.
Nas redes sociais, a mulher de Moreira informou que o último contato com ele foi às 19h de sexta. "Depois celular somente desligado. Ele trabalha pelo aplicativo no máximo até as 21h", postou. Além da mulher, o motorista, que morava em Alvorada, deixa uma filha de sete anos e quatro irmãos.
Confira o posicionamento da Uber:
"Nossos sentimentos de mais profundo pesar vão para a família de Sidney. A Uber lamenta profundamente que motoristas parceiros sejam alvo de violência, uma vez que vão às ruas todos os dias para contribuir com a mobilidade de nossas cidades e gerar renda para suas famílias. Vamos trabalhar com as autoridades para apoiar as investigações da melhor forma possível para que o responsável seja levado à Justiça o mais rapidamente possível."
Confira o posicionamento da Associação de Motoristas Particulares e de Aplicativos do Rio Grande do Sul:
"Não dá mais para aceitar que as empresas de transporte urbano por aplicativo não tenham absolutamente nenhuma responsabilidade sobre os roubos, assaltos e principalmente as mortes que vem acontecendo em nossa cidade. As empresas exigem uma série de documentos aos motoristas para qualificá-los e para garantir a segurança dos usuários, o que achamos totalmente correto. Mas não é feito nenhuma exigência para os usuários com pagamento da corrida em dinheiro. Para garantir o mínimo de segurança aos seus parceiros as plataformas deveriam exigir pelo menos upload de um documento oficial válido como CNH ou RG e um comprovante de endereço. Assim podemos minimizar os riscos e a polícia teria uma linha de investigação para começar. A responsabilidade de colocar o usuário dentro do carro do motorista é a plataforma e ela tem que se responsabilizar por isso. Com muito trabalho e empenho conseguimos aprovar emendas para melhorar a segurança dos motoristas mas, o prefeito Marchezan vetou todas as emendas. Estamos trabalhando novamente junto à Câmara dos Vereadores para derrubar os vetos."