A Polícia Civil finalizou nesta terça-feira (17) a investigação que originou a Operação Barão, ofensiva que atacou uma das maiores quadrilhas de roubo de carros em atuação no Rio Grande do Sul. Ao todo, 37 pessoas serão indiciadas no inquérito da Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículos. A investigação comprovou que a atuação do grupo não se restringia apenas ao roubo, clonagem e revenda de veículos, mas também envolvia lavagem de dinheiro com mansões, carros de luxo, iates e empresas, além de golpes em seguradoras e no comércio. Segundo a polícia, o grupo chegou a lucrar mais de R$ 500 mil por mês.
Dos 37 indiciados, 34 estão presos. São líderes, gerentes, assessores, vendedores, operadores financeiros, assaltantes, mecânicos e laranjas que prestavam serviços ao grupo criminoso. Segundo os delegados Adriano Nonnenmacher e Joel Wagner, os dois líderes da quadrilha serão indiciados por 129 e 122 crimes respectivamente e, caso sejam condenados em todos os inquéritos, podem ter pena de cerca de 500 anos.
A megaoperação ocorreu no dia 26 de junho e cumpriu 158 ordens judiciais. A ação também apreendeu 49 veículos, entre eles um BMW X6 e um Land Rover Freelander blindados, além de outros cinco carros de luxo, como um esportivo inglês Lotus, avaliado em R$ 300 mil. Em 10 de julho, 22 dos 49 veículos apreendidos foram repassados aos donos. Todos os automóveis e as embarcações foram periciadas e os responsáveis, sem antecedentes criminais, apresentaram documentos sobre a aquisição dos bens. Por falta de espaço e para evitar deterioração, os veículos foram repassados porque não são roubados ou clonados, apenas teriam sido adquiridos anteriormente como lavagem de dinheiro.
Também foram sequestrados judicialmente iates e imóveis de luxo, como mansões na Ilha da Pintada, em Porto Alegre, e nos litorais catarinense e gaúcho.
Como agia a quadrilha
Os criminosos possuíam uma frota de veículos e simulavam roubos e acidentes, bem como furtos de pertences dentro dos carros estacionados em shoppings. Além disso, também locavam automóveis e comunicavam falsas ocorrências, ingressando com pedidos de indenizações na Justiça após usarem documentos falsos para contratar seguros, que só tinham as parcelas iniciais pagas pela quadrilha. Até em enchentes os carros eram colocados para obtenção de indenizações.
Segundo Nonnenmacher, a primeira ação do grupo era o roubo de automóveis, principalmente em Porto Alegre, que depois eram clonados ou desmanchados. Os veículos e peças eram revendidos, inclusive pela internet, para 16 Estados.
A segunda ação era a lavagem de dinheiro, o que garantiu ao grupo um patrimônio avaliado em R$ 11 milhões — sem contar as contas bancárias bloqueadas.
A terceira ação era usar empresas em nome de pelo menos 20 laranjas para aplicar golpes em seguradoras, locadoras de veículos, shoppings, hipermercados e até no Poder Judiciário. A Polícia Civil identificou pelo menos 19 tipos de golpe diferentes, nos quais o grupo alternava os integrantes do grupo e as vítimas para dificultar as investigações.