A Polícia Civil tinha até esta quinta-feira (5) para concluir o inquérito sobre a prisão de 34 pessoas que integravam esquema criminoso que roubava, clonava e desmanchava carros de luxo em Porto Alegre. No entanto, diante da complexidade dos crimes apurados na Operação Barão, da análise de documentos e de novos depoimentos marcados para os próximos dias, a Justiça concedeu mais 10 dias para investigar o grupo, que também é suspeito de vender peças para 16 Estados em lojas virtuais, além de lavar dinheiro e aplicar golpes em instituições e no comércio.
O delegado Adriano Nonnenmacher, da Delegacia de Roubos de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), diz que o inquérito já tem cerca de 4 mil páginas e ainda tem uma investigação paralela sobre a lavagem de dinheiro. Segundo ele, mesmo após a remessa do inquérito, no dia 15 de julho, para o Poder Judiciário, outros fatos ainda continuarão sendo analisados, além de prováveis denúncias que possam surgir durante o processo de apuração.
Houve 34 prisões, mas um dos suspeitos, preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, pagou fiança e foi liberado. Um suspeito ainda está foragido. Ele é responsável por alugar ao grupo um dos nove pavilhões onde os veículos eram desmanchados. O esquema criminoso lucrava por mês até R$ 800 mil.
Lotus
O delegado Gustavo Rocha, que apura o crime de lavagem de capitais, marcou para esta quinta-feira o depoimento do filho de José Antônio Gonçalves. Ele é dono de uma mecânica na zona sul de Porto Alegre e afirma que seu familiar é o verdadeiro proprietário de uma Lotus apreendida na Operação Barão, realizada semana passada. O veículo foi avaliado em quase R$ 500 mil, mas ele afirma que o carro de luxo custou em torno de R$ 300 mil. Ainda na semana passada, Gonçalves apresentou documentos do automóvel e garantiu que não faz parte do esquema criminoso. Além dele, também irá depor à tarde um homem que teria comprado a Lotus do líder do esquema criminoso e revendida para o dono da mecânica.
A polícia entende que o carro não tem maiores problemas, mas que foi adquirido incialmente em nome de um laranja como forma de lavagem de dinheiro. O delegado Gustavo Rocha diz que mais de 40 carros foram apreendidos, além de duas embarcações. Segundo ele, os veículos devem ser devolvidos para as pessoas que comprovarem a compra de forma lícita e toda a documentação exigida nestes casos. No entanto, cada dono será um depositário fiel, o que implica que os veículos seguirão sequestrados judicialmente até o final das investigações — eles não poderão ser vendidos ou transferidos.