
Um dos alvos da Operação Octopus, deflagrada nesta segunda-feira (12) pela Polícia Civil, é um laranja que além de ser titular de uma das empresas do esquema também era responsável por movimentar uma das principais contas bancárias da organização criminosa.
Ao rastrear quem dava ordens a esse homem — que tem uma vida simples se levado em conta o patrimônio que acumula em seu nome — a polícia identificou um dos líderes do esquema, dono de um bingo no Vale do Sinos e titular de patrimônio de alto valor.
Durante a investigação, policiais monitoraram a rotina do bingo, que funciona no centro de Novo Hamburgo. O entra-e-sai de jogadores e funcionários é permanente. Cerca de uma centena de clientes passa pelo local diariamente.
Para obter as medidas judiciais de bloqueio e sequestro de bens, a polícia teve de demonstrar que os suspeitos estão praticando há anos atos de lavagem de dinheiro, adquirindo carros, embarcações e imóveis de luxo e os registrando em nome de parentes ou de outras pessoas de confiança.
A polícia acredita que, com a deflagração da operação, informações sobre mais bens da organização possam surgir.
A Capitania dos Portos foi notificada para sequestrar qualquer embarcação que exista em nome dos 55 investigados. A polícia já obteve autorização judicial para usar dois carros sequestrados: um Corolla e uma caminhonete S-10.
A investigação foi feita em parceria com a Promotoria de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa do MP.

Conforme a polícia, o fato de ser baixa a sanção a quem explora o jogo de azar fez com que os investigados mantivessem as atividades ilícitas por tanto tempo, apesar de já terem respondido a procedimentos policiais por envolvimento com exploração de jogo de azar.
— As inúmeras investigações no país sobre jogos ilícitos trazem histórias desenhadas com fatos trágicos, como homicídios, tráfico e corrupção. Assim, o que deve ficar claro é que não é a contravenção do jogo o centro das investigações apenas, mas os crimes graves conexos e os decorrentes. Organizações criminosas e a lavagem de dinheiro começam a ser descortinadas à medida que novos e modernos mecanismos legislativos e de investigação permitem às polícias maior qualificação na repressão. Portanto, a tendência é o aumento da apuração destas modalidades criminosas — destacou o delegado Cristiano Reschke, diretor do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos.
Para o delegado, a discussão sobre a liberação do jogo não pode ser rasa e ficar apenas no cunho arrecadatório:
— A população tem que ser esclarecida acerca de todo o contexto complexo que envolve a questão e o que é financiado com os lucros do crime. Como Polícia Civil continuaremos firmemente enfrentando as ilicitudes, nos termos da lei.
A polícia não divulgou nomes de investigados.