A mulher morta a tiros pelo ex-marido na frente da filha em Taquara, no Vale do Paranhana, na quarta-feira (13), procurou ajuda policial três dias antes, no domingo (10). Rosane Mioranca Carrão, 38 anos, havia contado à Polícia Civil que o homem estava a ofendendo durante horas em um aplicativo de mensagens. O pedido foi encaminhado para a Justiça na segunda-feira (11), e negado pela 2ª Vara Criminal, que alegou "falta de elementos".
O juiz Juliano Etchegaray Fonseca defende que na solicitação feita pela Polícia Civil constavam apenas as ofensas, sem nenhuma ameaça ou outra informação. O juiz afirmou, por meio da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, que o processamento é mediante a queixa, e nesse caso foi apenas de injúria, e não de ameaça ou agressão.
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O crime, segundo o delegado plantonista Gilmar Walker, foi cometido de forma brutal pelo ex-marido, Eduardo de Medeiros Aguiar, 44 anos. Ele teria atacado Rosane quando ela saia do atelier de calçados no qual trabalhava, na Rua Santo Antônio, bairro Medianeira, acompanhada de uma das filhas e de uma colega de trabalho. O homem desceu de um táxi com um revólver em punho e atirou quatro vezes contra Rosane. A polícia conta que ele ainda teria chutado a cabeça da vítima e agredido a filha.
Conforme os policiais, após os disparos, o agressor saiu caminhando do local, mas acabou preso a cerca de 500 metros pela Brigada Militar. O atirador teria dito aos policiais que levava mais balas no bolso e iria até a casa do restante dos familiares de sua ex-mulher, para executar, também, o irmão e a mãe dela.
Para o delegado, chama a atenção a frieza e os detalhes que o preso, que tinha três filhos com a vítima, deu aos agentes. Walker afirma que o detido ainda questionou aos policiais se a vítima estava morta, e quando recebeu a resposta positiva, comemorou.
— É uma morte banal, que tem como motivação a separação do casal, que estava junto há 22 anos. Ele, que tentava reatar, ficou sabendo que ela estava conhecendo outro rapaz há cerca de três semanas — conta Walker.
Ainda segundo a Polícia Civil, o atirador apresenta comportamento atípico. O delegado declara que o preso deu todos os detalhes de maneira informal aos policiais, mas, na hora do depoimento, decidiu permanecer em silêncio. Aguiar, que está na carceragem da Delegacia de Polícia de Taquara, foi preso em flagrante por feminicídio. O auto de prisão em flagrante será levado nesta quinta-feira à Justiça.