Lidar diariamente com assuntos ligados à criminalidade e à segurança pública pode ser benéfico no momento em que passamos a fazer parte das estatísticas. Ou não.
Há pouco mais de uma semana, passei pela terrível experiência de ter uma arma apontada para a cabeça, com a ameaça de que se não atendesse rapidamente às exigências que me estavam sendo feitas, morreria. Era início de madrugada e foi tudo muito rápido. Tanto que o autor do assalto fugiu tão logo entreguei a ele quantia de dinheiro, sem sequer perceber que o celular estava no bolso da calça.
Parecia totalmente fora de si. De tantas vezes escrever sobre o assunto, lembrei de narrar a ele os meus gestos. Tipo: "Estou colocando a mão no bolso do casaco para pegar o dinheiro, pode ser?"
Apesar da rapidez dos acontecimentos, entendi o significado do lugar comum "passou um filme em minha cabeça". Pensei na família, nas vítimas de latrocínio em casos que acompanhei, e aqueles segundos pareciam não passar.
O susto foi realmente grande. Na noite seguinte, ao deitar a cabeça no travesseiro, tive a sensação de que a cena se repetia, e não consegui dormir. Porém, o apoio e o carinho de familiares, colegas e amigos, com o passar dos dias, fizeram com que praticamente renascesse. Agora, todos os dias, ao acordar, celebro a vida.