A onda de criminalidade não poupou nem crianças vítimas de violência nesta semana em Porto Alegre. Na madrugada de terça-feira, a SOS Casas de Acolhida sofreu um arrombamento. Os criminosos roubaram alimentos, medicamentos, computadores e até lápis de cor do local.
O roubo dos computadores, segundo a coordenadora da unidade, Suzana Vicente, representa o maior prejuízo. Não pelo valor material, mas porque os equipamentos guardavam os álbuns de fotos das crianças desde recém-nascidos. Quando elas saem do abrigo, recebem o material para guardarem uma lembrança da infância.
– Sei que o que foi roubado, aos poucos, vamos recuperar. O que eu não vou conseguir é fazer com que eles fiquem bebês de novo para registrar quando começaram a engatinhar ou o dia em que nasceu o primeiro dentinho. Isso não tem preço – lamenta Suzana, que implora para que os bandidos devolvam ao menos as CPUs.
Tão logo tiveram notícia do arrombamento, os apoiadores da SOS Casas de Acolhida deram início a uma campanha na tentativa de recuperar o prejuízo. Eles pedem doações de fraldas, pomadas, lenços e leite em pó (abaixo, saiba como ajudar).
Por volta das 5h de terça, bandidos pularam a cerca que divide o abrigo do terreno vizinho e, com uma chave "micha", abriram a porta da cozinha. Eles fugiram levando também lenços umedecidos, mamadeiras, pomadas, leite, remédios, canetinhas e pacotes de bala de goma. No momento do crime, as 25 crianças que moram no local dormiam no segundo andar e as três funcionárias que as atendiam nada perceberam.
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Os itens furtados haviam sido recolhidos por meio de doações que auxiliam na manutenção da entidade – uma ONG sem fins lucrativos que mantém um convênio com a prefeitura de Porto Alegre através da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). O abrigo acolhe crianças em situação de vulnerabilidade retiradas da guarda de seus pais pela Justiça.
Trata-se, na grande maioria, de filhos de usuários de drogas. Hoje, o local atende a 25 crianças, que moram no local – 18 bebês, seis crianças entre dois e quatro anos e um menino de 12 anos com autismo.
A SOS Casas de Acolhida é reconhecida pelo Ministério Público como um bom exemplo de abrigo em Porto Alegre, em meio a realidade na qual a maioria das entidades apresenta graves problemas estruturais e de atendimento. Em média, as crianças costumam permanecer durante dois anos no local – tempo em que transcorre o processo na Justiça. Neste período, realiza-se um mapeamento na família. Caso nenhum parente possa acolhê-la, a criança segue para processo de adoção.
A investigação sobre o arrombamento está a cargo da 9ª Delegacia de Polícia (DP). Os agentes devem visitar o local ainda nesta sexta-feira para colher o depoimento de funcionários. O local não possui câmeras de monitoramento e não se realizou perícia na casa, o que pode dificultar a investigação.
O delegado da 9ª DP, Alexandre Vieira, suspeita que os autores do crime sejam usuários de drogas da região.
Como ajudar
– As doações podem ser feitas na sede administrativa da ONG, localizada na Rua Miguel Tostes, 575, em Porto Alegre.
– A entidade também recebe contribuições em dinheiro para investir em melhorias na segurança do local por meio da conta bancária da entidade:
Banco: Banrisul
Agência: 0100
Conta: 060616040-8
CNPJ: 92852854000114