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Descrito pela polícia como um homem perigoso e articulado e apontado como responsável por ataques com dinamite a caixas eletrônicos, o foragido Sérgio Rudinei Bauermann, 33 anos, conhecido como Danota, foi preso na manhã desta quarta-feira por uma força-tarefa montada pelo Serviço de Inteligência da Brigada Militar (BM), a P2, e pela Polícia Federal (PF). Danota foi detido em um chalé, na zona rural de Gravataí, na Região Metropolitana.
APF entrou no caso porque, em agosto, ele teria atacado, com dinamite, uma agência da Caixa Econômica Federal em Feliz, no Vale do Caí. Em abril, Danota fugiu da Colônia Penal Agrícola de Venâncio Aires, onde cumpria pena no semiaberto por assalto. Ele ainda responde a 12 inquéritos policiais, um deles por envolvimento na morte do capitão da BM André Sebastião dos Santos. Em 2006, o policial foi alvejado com um tiro na nuca durante um assalto a uma empresa de transporte de valores, em Santa Cruz do Sul.
Polícia encontrou armas e munição com suspeito
Segundo a polícia, Danota foi quem articulou o bando do assaltante de carros-fortes José Carlos dos Santos, o Seco, que cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). A quadrilha era conhecida por ter desenvolvido a técnica de colidir um caminhão contra um carro-forte e depois atacar os vigilantes com armas de grosso calibre.
- O nome dele surgiu na apuração do caso de Feliz pela PF, que pediu a nossa ajuda para localizá-lo. Descobrimos que o possível paradeiro dele seria um chalé nos arredores de Gravataí. Mantínhamos o local vigiado - disse o major Rogério Pereira, da P2.
O suspeito mantinha arma, celulares, munição e documentos falsos na residência. A maior parte do tempo, ele estava ausente da casa, onde morava como inquilino havia três meses. De acordo com a polícia, usava dois veículos legalizados. De duas em duas semanas, costumava reunir na casa seus comparsas de assalto, conforme a apuração policial. Tudo indica que, na manhã de ontem, Danota tenha desconfiado de que estava sendo vigiado e tentado fugir. Foi preso e não reagiu.
Preso tinha horários e roteiro de carros-fortes
Além de dinheiro, armas e celulares, os policiais encontraram na casa de Sérgio Rudinei Bauermann, o Danota, levantamentos detalhados de horários e roteiros usados por carros-fortes para abastecer caixas eletrônicos. Também encontraram possíveis indicativos de ligação de Danota com a explosão de terminais bancários na Região Metropolitana e na Serra. Entre eles, a polícia encontrou tíquetes de pedágios localizados na Serra e números de telefones da região na memória dos celulares apreendidos.
- Por ser um articulador, acredito que a prisão dele deverá representar uma diminuição dos ataques com dinamite - observa Mauro Vinicius Soares Moraes, delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal.
Segundo o delegado, a parceria entre as polícias é uma das maneiras de combater os criminosos. Na terça-feira, em outra operação, a Polícia Civil prendeu 16 suspeitos de integrar uma quadrilha envolvida com ataques a caixas eletrônicos com explosivos na Região Metropolitana e na Serra. Ontem, o delegado Juliano Ferreira, da Delegacia de Roubos e Extorsões, responsável pelas prisões, entrou em contato com a PF para apurar possível relação entre Danota e o grupo desarticulado.
- A troca de informações é fundamental para que possamos entender como esses bandidos se movimentam e anteciparmos as suas ações e prendê-los - disse Ferreira.
BM vistoria pedreiras na Serra
Onze pedreiras tiveram as atividades suspensas e um paiol utilizado para armazenagem de explosivos foi interditado pelo Comando Ambiental da Brigada Militar (BM) durante uma operação deflagrada ontem. As diligências abrangeram 21 cidades serranas e mobilizaram 45 PMs em 15 viaturas e um helicóptero. O principal objetivo era fiscalizar pedreiras à procura de irregularidades na comercialização ou armazenagem de explosivos. Com isso, a polícia pretendia encontrar vestígios que remetessem a uma possível ligação com quadrilhas que vêm praticando assaltos a caixas eletrônicos com uso de dinamite em todo Estado.
O paiol interditado fica próximo a uma pedreira em Bento Gonçalves. A polícia encontrou o galpão abandonado e artefatos explosivos sem qualquer cuidado de armazenagem.
* Colaborou Matheus Piovesan